Modelo Opiniao

A terminar o mês de setembro, assistiu-se em Portugal a uma manifestação contra a imigração. Uma iniciativa liderada pelo Chega, partido que, nos últimos anos, cresceu ao sabor da extrema-direita na Europa, que levanta agora a bandeira de que a imigração em Portugal é desregulada e que o país está a perder a identidade nacional por causa do “imigrantes” que aqui vivem.
Discurso oposto tem o Banco de Portugal que revela dados impressionantes sobre a mão de obra imigrante, a ocupar um espaço de extrema relevância na construção civil, agricultura, turismo e outros serviços preteridos como opção de trabalho.
Nas universidades portuguesas beneficia-se da troca académica e das taxas pagas pelo contingente de imigrantes que vêm estudar em território luso. O valor dessas taxas supera em mais de 300% o custo imposto aos estudantes portugueses, permitindo uma receita que favorece toda a produção científica e a qualidade do ensino.

A Segurança Social já mostrou que a contribuição do imigrante é cada vez mais importante, somando, apenas em 2023, quase 2,7 bilhões de euros (mil milhões de euros), um aumento de 44% em relação ao ano anterior.

Isto é matemática! E os números são confirmados por economistas, banqueiros e sociólogos.

A visão negativa sobre a imigração é fomentada por uma crescente sensação de insegurança que tem lugar em alguns actos extremistas na Europa, cuja incidência na Alemanha e França acabam por ecoar em Portugal, que tem uma importante diferença: é um país de emigrantes e de imigrantes.

O imigrante não rouba postos de trabalho, não rouba casas ou vagas nas escolas. Mantém, sim, a economia pulsante, contribui com impostos e fomenta o mercado de consumo interno.

O que alimenta, então, esta crescente vaga de manifestações e discurso anti-imigração? O ódio e o racismo latente na sociedade portuguesa e o medo pela diferença – pela cultura, pelos hábitos, pela religião.

A imigração é, neste momento, um bem essencial ao crescimento e desenvolvimento do país e deve, como tal, ser acompanhada por políticas de integração, dignidade social e esclarecimento das populações. Com igual importância, devem os governos e autarquias locais, bem como forças policiais, manter a segurança dos imigrantes e, sobretudo, fiscalizar e assegurar a não existência de máfias e tráfico humano que, muitas vezes, usam como escudo pessoas que, na sua fragilidade, procuram simplesmente uma melhoria nas suas condições de vida num outro país.

É preciso deixar de fazer política com aquilo que o “povo gosta de ouvir” e fazer da política um instrumento de educação. Uma população mal informada e alimentada por fake news vota sem consciência e simplesmente desestabiliza o país.

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