Nos últimos anos, a luta pelos direitos LGBTQIA+ tem sido um dos marcos mais significativos na busca pela igualdade e justiça social. No entanto, mesmo nas democracias consolidadas da Europa e Americana, essa luta revela-se permeada por uma fragilidade alarmante. O que deveria ser um avanço contínuo em direção à aceitação e à proteção dos direitos humanos frequentemente depara-se com retrocessos e desafios inesperados.
A história recente mostra-nos que, embora muitos países tenham avançado na legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e na adoção de políticas de proteção contra a discriminação, esses direitos estão longe de serem garantidos. Em várias nações, movimentos ultraconservadores e populistas, têm ganhado força, promovendo discursos de ódio e desinformação que ameaçam os progressos alcançados. A retórica anti-LGBT, muitas vezes alimentada por ideologias políticas e religiosas, tem o poder de deslegitimar as conquistas e criar um ambiente hostil para a comunidade.

Na Europa, por exemplo, enquanto países como a Alemanha e a França têm se destacado por suas políticas inclusivas, outros, como a Polônia e a Hungria, têm implementado leis que restringem os direitos LGBT, criando zonas “livres de LGBT” e promovendo uma narrativa que marginaliza essas identidades. Inclusivamente esta semana, o parlamento húngaro aprovou uma lei que proíbe os desfiles de orgulho ‘gay’ e permite às autoridades utilizar ‘software’ de reconhecimento facial para identificar os participantes, aprofundando a repressão da comunidade LGBTQIA+ no país. Big brother watching you… Essa polarização não é apenas uma questão interna; ela ressoa em toda a União Europeia, onde a proteção dos direitos humanos deve ser um pilar fundamental, mas que, muitas vezes, é colocado em segundo plano em nome da política.
Da mesma forma, nos Estados Unidos, a luta pelos direitos LGBT tem enfrentado desafios significativos. Embora a decisão da Suprema Corte que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2015 tenha sido um marco histórico, a realidade é que muitos estados têm adotado legislações que visam restringir os direitos de pessoas trans e não-binárias, especialmente no que diz respeito ao acesso a cuidados de saúde e à participação em desportos. Uma das primeira medidas do segundo mandato de Trump foi precisamente instaurar a censura nos sites federais, removendo palavras e expressões como gay, lésbica, bissexual, LGBTQIA+, HIV, orientação sexual e transgénero. A polarização política e a desinformação continuam a alimentar um clima de hostilidade que pode reverter anos de progresso.
É crucial lembrar que a luta pelos direitos LGBTQIA+ não é apenas uma questão de legislação, mas também de aceitação social. A fragilidade dos direitos LGBT nas democracias não se limita a leis e políticas; ela reflete-se na vida quotidiana das pessoas. O medo de represálias, a discriminação no local de trabalho e a violência motivada por ódio são realidades que muitos enfrentam, independentemente de onde vivem.
É, portanto, imperativo que continuemos a defender a proteção e promoção dos direitos de minorias sexuais e de género, não apenas como uma questão de justiça social, mas como um reflexo do compromisso com os valores democráticos e direitos humanos que sustentam nossas sociedades. A vigilância e a solidariedade são essenciais para garantir que os direitos conquistados não sejam apenas palavras numa legislação, mas sim uma realidade vivida por todos. A fragilidade dos direitos LGBTQIA+ é um lembrete de que a luta pela igualdade é contínua e que cada voz conta na construção de um futuro mais justo e inclusivo.
