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Como forma de libertação de culpa, escutamos Católicos assumirem a sua fé baldando-se à férrea militância da participação nas solenidades propostas pela Igreja, dizendo “Sou Católico Não Praticante”. Fica redimido o pecado pela não comparência semanal nas assembleias da Casa de Deus, vincando-se a ressalva que valida na entrelinha a crença, não vá o Diabo tecê-las e o Céu existir mesmo.

O adjetivo “praticante”, que advém do verbo praticar remete-me para uma reflexão pertinente. A ideia do praticante neste contexto refere que quem pratica é quem vai à missa, quem participa nas celebrações da Igreja. Mas praticar o Catolicismo não se deveria resumir em ir à missa, mas de forma ampla referir-se à nossa capacidade de praticar o bem, incondicionalmente. Por isso quando ouço a designação “não praticante” relativamente aos católicos parece-me mais ao contrário, ou seja, alguém que gosta de Capelas, de Igrejas, de Mosteiros, de Catedrais, de Basílicas e de todo um sortido de Festas Religiosas, mas que não está disponível para “praticar” a bondade que a Igreja apregoa. E por essa razão, parece-me mais ajustado ser-se “Não Católico Praticante”, e ser-se um ativo promotor de “práticas” justas e benignas.

Seguramente que se o Humanismo tiver um papel central no nosso pensamento, não em oposição a uma autoridade superior, mas respeitando a dignidade humana, certamente agiríamos sempre a preceito, embalados por boas praticas, numa formulação empática das nossas ações, ferramenta primordial para a justiça e para a aceitação.

Estou certo da importância da Igreja na forma como suporta e acalenta o sofrimento humano. Indiscutível o papel da Igreja no estímulo e na renovação das energias dos seus fiéis, que lhes permite tocar a roda para diante sem se deixarem abater pela melancolia e pelo desanimo. Notável o papel da Igreja nas instituições que suporta e no apoio às pessoas carenciadas que acalenta.

Aliás, dou conta que à medida que as pessoas se afastam da Igreja, aumenta o recurso aos gabinetes dos psicólogos, esgotam-se as palestras dos oradores motivacionais, vendem-se como pãezinhos quentes os livros de autoajuda e aumenta a procura das terapias alternativas e infelizmente também crescem as promessas de salvações miraculosas propostas pelos vendedores da banha da cobra.

Indiscutível a importância da Igreja no suporte emocional dos seus crentes, no amparo e no conforto que lhes propicia.

A resistência humana alimenta-se da fé, dos estímulos que nos despertam, da coragem com que enfrentamos o infortúnio, da energia que depositamos nas nossas resoluções, e no fundo, também e não menos importante, da nossa autoestima.

É imperativo estabelecermos propósitos para a nossa vida, e para isso provavelmente são precisos dogmas que a sustentem e mais de que isso, necessitamos de uma rede que nos ampare a queda para quando não nos aguentarmos mais no trapézio.

Mas para que este papel de porto seguro seja efetivamente cumprido por aqueles em quem confiamos, precisamos que que esses nossos “heróis” sejam incorruptiveis, que pratiquem o que apregoam e não sejam apanhados em “práticas” pouco ortodoxas.

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