Tenho memória, de um icónico anúncio de televisão a uma marca de whisky, que considero representar de forma sublime a gratidão e o reconhecimento. Tentando descrever de uma forma simples, o que nos revelava o anúncio, era a representação do agradecimento da oferta de uma garrafa de whisky, em que nos aparecia a imagem de uma convencional balança de pratos, onde era colocada a garrafa de whisky num dos pratos e no outro, um simples bilhete manuscrito que dizia, “obrigado, o teu whisky estava ótimo!”.
O nosso básico entendimento das leis da física, dir-nos-ia que a garrafa seria significativamente mais pesada que o papel, mas, o que verificávamos no anúncio, era que a balança ficava equilibrada, atribuindo o mesmo peso a ambos objetos.
Esta metáfora visual, reforçou o meu entendimento da importância do agradecimento, mas principalmente o valor que atribuímos às coisas e o significado que terá determinada palavra, gesto ou objeto simbólico. Tendemos a utilizar métricas simplistas para estimar o valor das coisas, relacionado, quase exclusivamente, com o preço ou a identidade das marcas. Mas sabemos, que em maior parte dos casos, esse prestígio conquistado por determinado produto é oco e fruto de uma construção extraordinariamente bem gizada, que ativa determinados cordelinhos dentro do nosso cérebro capitalista.
Curioso não me lembrar da marca whisky, mas nunca mais esqueci a mensagem que me transmitiu o anúncio, sobre o valor das palavras, dos gestos e das atitudes.
De uma forma ou de outra, todas as nossas ações centram-se em dois magnânimos propósitos, que por vezes resultam em se confundirem por se entrelaçarem. Se por um lado somos hedonistas e procuramos avidamente pelo nosso prazer e a satisfação das nossas vontades, por outro, gostamos de nos sentir importantes na vida dos outros, sendo impelidos para ações de altruísmo com vista a fazer os outros felizes, que em suma, também resultará em elevados índices de prazer para nós próprios. Mas, quase sempre, paralelamente, sentimos uma necessidade muito entranhada no nosso espírito vaidoso e autocentrado, da validação dos outros e da exaltação dos nossos feitos.
De facto, não é assim tão difícil participarmos nessa recompensa, que por vezes pode fazer muita diferença na vida dos outros. Dizer aos que nos são estimados o quanto os admiramos, apreciar com manifesto orgulho os sucessos dos nossos amigos e no fundo, elogiar, reconhecer, sorrir, abraçar, serão certamente prémios mais preponderantes, do que a mais cara das ofertas.
O reconhecimento do nosso empenho pode ser recebido de infinitas formas. O mais comum, passa por esse retorno ser obtido em forma de dinheiro ou coisas, mas as recompensas podem passar por outro tipo de reconhecimento, talvez até com um significado ainda mais profícuo. O impacto positivo que causamos nas outras pessoas, pode ser o mais gratificante de todos os resultados, por percebermos que a nossa conduta despoleta bem-estar em redor.
Como validação deste contributo, também será fundamental que esse esforço seja aplaudido, por aqueles que tem o privilégio de assistir a esse crescimento.
Por isso, em semana de apresentação dos prémios Aplauso do Imediato, venha daí o bilhetinho a dizer, “obrigado, o teu trabalho foi incrível”!
