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Estranhos tempos, em que uns dizem, eles que trabalhem e outros protestam, estamos fartos de sermos explorados; em que ouvimos amiúde eles que vão para a terra deles e outros reclamam merecemos ser tratados como iguais; uns ainda atestam convictos, isso são modas e as minorias manifestam, temos direito á nossa autodeterminação!

Muitos outros ditos ouvidos por aí, poderiam aqui ser mencionados. São muitas destas ideias, que vão sendo formadas nas cabeças de uns, que assustados, temem perder algo que conquistaram, e outros, reclamam por oportunidades, porque sentem que têm muito por conquistar. E é neste espectro de forças, que se vão esgrimindo ideias políticas de esquerda e direita, que aparentemente defendem uns, abandonando os outros.

E aqui reside o objeto da exploração deste pensamento, porque esta bipolarização irá condenarmos aos extremos, que a todos prejudicará.

Por muito que se reclame, não é fácil dispormos de uma dose suficiente de empatia para compreendermos as motivações de cada pessoa ou de cada grupo. Por duas razões, a primeira, porque para conseguirmos essa compreensão, teríamos de nos dar ao trabalho de conhecer todas as camadas dessa condição de vida, mas apenas nos permitimos analisar os comportamentos pela rama. A segunda, é mesmo por desconfiança, porque na verdade, sabemos que existe também um matiz bem alargado de tons cinza, que se estende entre as pessoas genuinamente boas e as pessoas objetivamente más, não só por consequência, mas por escolha.

Os mais desprotegidos, consequentemente, com menos oportunidades, ou mesmo à mistura, com uma menor ambição, acomodam-se sob a proteção da estrutura do Estado e à conta dessa providência promovem o ócio, beneficiando de apoios mínimos, que sustentam as suas necessidades e vícios. Outros, cuja a chance e a determinação permitiu, seguiram trajetos sustentados, mas mesmo assim, não de forma impoluta, porque a espinha dorsal da ética é suficientemente flexível, para que se permitam a pequenas subversões das regras, a troco de algum benefício ilícito. Outros ainda, que partindo de uma posição de privilégio socioeconómico ou que o conquistaram alavancados por um qualquer elevador social, engenhosamente entendem o sistema, entranham-se na engrenagem das instituições que administram a Nação e conseguem manipula-las a seu favor, com estrondosos benefícios, difíceis de alcançar embalados pela idílica fantasia da honorabilidade do trabalho.

Diria, cada um governa-se à sua dimensão!

E é neste ambiente, em que os nossos governos vão deambulando, sempre com uma intenção de se perpetuarem no poder. Se por um lado, vão mantendo uma lógica de subsidiodependência das classes sociais mais baixas, porque o desespero da miséria extrema, pode resultar em ações de protesto descontroladas, por outro, não aplicam medidas de maior controlo do crescimento económico dos mais abastados, porque são estes que detêm o mais eficaz dos poderes, que é o dinheiro, tão providencial a influenciar rumos. Resta a eterna via, carregar a classe média com impostos castradores, fechando os olhos a algumas pequenas prevaricações que atesta à classe, um certo reconhecimento de chico-espertice, tão valorizada na nossa sociedade. E é neste processo, que a classe média se mantém enleada no movimento da roda do hamster, lutando por não cair na indigência, aspirando chegar ao topo.

Não acredito em soluções simplistas, que muito pululam na retórica de alguns propagandistas, mas acredito, que não deveria faltar o dedo em riste a apontar o cidadão ardiloso a quem assistimos prevaricar, ao invés da habitual palmadinha nas costas, que legitima o ardil, com as palavras, fazes bem, eles também se fartam de mamar!

Pois nunca esqueçamos, a representatividade que elegemos para nos governar, é extraída precisamente desse povo, que foi constantemente estimulado a ser trapaceiro… e depois de lá estarem, as possibilidades são tão maiores!

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