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Cada um sabe onde o sapato lhe aperta é um dito popular que procura justificar as ações de cada um, cujas motivações podem estar assentes numa ligeira moinha do pé ou numa unha que já ganhou pus de tão encravada. Curioso aquilo que cada pessoa define para si como elementar prioridade, que para uns se circunscreve às mais básicas necessidades, enquanto que para outros se fixa na mais disparatada futilidade.

A capacidade de definir as nossas necessidades prioritárias, deveria ser determinada por uma ideia de solidez, como se estivéssemos a construir uma pirâmide, em que colocaríamos as carências mais primárias numa sólida base e de seguida arrumaríamos uma vasta panóplia de outras demandas na estrutura piramidal que vai afunilando, respeitando a urgência destas na nossa vida. Mas observamos que nem sempre é assim e assistimos comummente a uma pressa disfuncional em almejar a cereja do topo da pirâmide, relevando para segundo plano outras prioridades mais prementes. Se pensarmos nesta escala de priorização, esvaziando-nos daquilo que temos de adquirido e que esquecemos de valorizar, estaremos perante um exercício filosófico divertido. Inevitavelmente, o nosso propósito é sempre egoísta assente na procura de alimento para o corpo e para o espírito e verificámos que o que cada um considera primordial é muito dispare, mas tem na maior parte das vezes uma motivação externa, que é a validação dos outros.

Gosto de pensar nos quatro estágios evolutivos e de perceber o espaço que cada uma destas urgências ocupa no nosso dia a dia. No nosso primeiro estágio a nossa preocupação primordial é a da sobrevivência, visando responder às necessidades básicas que permitam manter-nos vivos, em que é fundamental alimentarmo-nos e adaptarmo-nos defensivamente contra a feroz natureza; num segundo patamar de desenvolvimento será premente organizarmo-nos socialmente, sendo imperioso estruturar as nossa vivencias em comunidade, com regras claras que a todos defendam, com vista a que a estabilidade e a ordem seja mantida; depois das necessidades básicas estarem asseguradas e as sociedades minimamente estruturadas, será presumido dedicarmo-nos aos prazeres e à busca da felicidade, que se fixa na recusa do sofrimento e na busca do bem-estar que nos permitirá a exploração da criatividade pautada por um apelo hedonista; por ultimo, estaremos preparados para o pensamento mais profundo e para a exploração do intelecto e da espiritualidade, como forma de encontrar um propósito que valide a nossa existência e em última análise, ficará aberto o caminho para a filosofia.

O que me fascina nesta fase de maturidade das nossas vidas e da nossa sociedade é a possibilidade de podermos visitar cada uma das quatro fases deste esquema de desenvolvimento humano e seja possível, num mesmo dia, ativarmos os alertas para nos defendermos de um qualquer perigo da natureza, de seguida podermos participar numa necessária cooperação com vista ao bem comum, para que depois de forma egoísta, tenhamos a possibilidade de nos dedicarmos a um momento prazeroso que o nosso corpo reclama e finalizarmos com um momento introspetivo, dedicando algum tempo a pensar

sobre assuntos que nos transcendem e sobre o nosso parco conhecimento da imensidão cósmica que nos rodeia.

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