Pois é! É forçoso voltar a falar de Saramago…Porque o ano do centenário ainda não acabou e porque há muitas questões, muitas respostas que terão de surgir outra vez.
Acabamos de celebrar no Concelho, o centenário do escritor e se isso disse pouco a alguns dos que deveriam estar implícitos ou disponíveis, a verdade continua a ser dura outra vez. Outra vez, empenharam-se os verdadeiros amantes da Cultura, dos livros, dos autores que se celebram e que, mesmo à distância continuam a ensinar-nos.
Estiveram presentes no Auditório da Biblioteca Municipal, todos os que aderem à causa da Cultura, todos os que gostam, sinceramente, de aprender… Muitos, muitos mesmo, quase encheram o espaço e eu senti na imagem sincera dos presentes, o gosto de saber, o gosto de aprender com Saramago e os seus leitores.
Goste-se ou não se goste do escritor, quem gosta de aprender, presta atenção e dedica algum do seu tempo à leitura, à audição, à música, às personagens, aos títulos do nosso único Prémio Nobel da Literatura…
E, onde estavam os Professores que têm o dever de conduzir ou de ensinar Saramago?
E, onde estavam os “jornalistas” que habitualmente entregam o seu tempo quase só ao futebol?
E, onde estavam os outros, os que dirigem espaços da Cultura do Concelho?
Respondam-me ou digam-me o que quiserem justificar, afinal, só alguns, os autênticos, aderem às causas da Cultura neste espaço tão especial onde o próprio Saramago, na sua “Viagem a Portugal”, se perdeu…
Pode parecer que estou a falar de quase nada e estou, na verdade, a falar de um tema ou de uma questão que é muito importante no contexto actual.
Muitos, convencidos de uma grande importância, entendem que os outros não percebem que os estamos quase a ignorar e por isso não aparecem ou receiam ser vistos… Bolas, estou cansada de aturar este mundo postiço, destituído de vontade e de vergonha em reconhecer que, afinal,há assuntos e gente capaz de celebrar um centenário que merece o nosso maior respeito. E que decorreu tão bem!
Em contrapartida, tenho de reconhecer e agradecer a todos os que colaboraram nesta iniciativa, tão acima do que poderia ser esperado…Que bem leram as meninas, as frases de Saramago! Que bem esteve a música, tão ao jeito do escritor! Que bem estiveram os que lembraram os temas e as ideias do nosso Nobel da Literatura!
Continuarei a andar na rua, a precisar da energia das pessoas e, neste momento de quase pausa, aquilo que observo e que sinto é mais forte do que eu… E não posso esquecer, porque isso está sinceramente comigo, as palavras de Saramago que dizem: “Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”.
É isso mesmo! Todos, os nossos jovens em especial, merecem um ensino que os cative, que os ensine mais. Para isso, precisam do exemplo dos mais velhos, dos seus professores, dos que levam com eles um exemplo a seguir…
Porque, se ler é importante, se queremos ou o soubermos fazer, o mundo inteiro abre-se para nós!