Poderia dizer-se que são visíveis “tiques” de autoritarismo nos autarcas (e por autarcas tem de entender-se muito mais que o Presidente da Câmara). Mas “tiques” seria um eufemismo… Claro que é “tique” lá doutros países, bastante mais desenvolvidos, socialmente, por exemplo, onde uma chanceler ia trabalhar, para a chancelaria (distante de todos, protegida de todos, naturalmente) de bicicleta, transporte público ou conduzindo o seu carro!… Próximo, próximo é, por exemplo, um Presidente de Câmara que guarda, só para si, no domínio público (onde quase toda a gente tem de pagar para usar) dois lugares de estacionamento, ali bem juntinho (próximo, próximo) da sua “chancelaria”… E tem motorista…
Não sei com que regularidade o Senhor Presidente da Câmara recebe os seu súbditos (próximos) mas tenho ideia que se eu for marcar uma “audiência”, essa não irá decorrer tão breve assim… Recentemente escrevi ao de Penafiel. Se me respondeu? Era o que faltava… Proximidade sim… mas não exageremos… Respondeu-me uma senhora que tenho de aceitar como mandatada para a função… mas como o poder autárquico é tão próximo do munícipe, eu nem sei quem é a senhora, penso que terá sido empossada, com delegação de competências, numa qualquer (que não terá sido tão qualquer assim…) cerimónia protocolar para o efeito, mas que eu, munícipe próximo, não tive ocasião de estar presente.
Diz-se que os autarcas são mais próximos das pessoas… É caso para dizer “-Não me digam!?…” Quando no meio de uma rotunda nasce um amontoado de pedras, a que chamam de escultura, paga e com certeza, bem paga e uma parte significativas das habitações (onde moram pessoas, próximas…) não terem saneamento básico… Por não haver dinheiro para tudo, seguramente… E muitas outras, e belas (e dispendiosas) rotundas foram nascendo… mas mantém-se o problema da falta de dinheiro para o saneamento básico. É a isto que chamam de maior proximidade?
E são assim os nossos autarcas… com os poderes que já têm… vá-se lá imaginar com uma inflação significativa nas transferência do Poder Central para o Poder Local. Deus no livre!
O tema foi abortado, bem de leve, na campanha eleitoral que decorre… Felizmente não foi mais que um simples “flash”…
Para não sermos ouvidos, enquanto pessoas, já está bom com um Estado centralizado, mais justo (talvez) por as pessoas lhe serem indiferentes, enquanto indivíduos (iguais???). Numa relação de proximidade estamos sujeitos a ouvir o “não” mais injusto e injustificado… acompanhado de um sorriso, contido, de desdém…
Eu, pessoalmente, quando avanço para um qualquer “pedido” ao Poder Local sinto sempre que estou a dirigir-me a uma instância que está muito acima de mim. Quer quando me dirijo ao Município em si, quer aos funcionários municipais, principalmente quadros superiores, nomeados pelo executivo… é como querer entrar num castelo estando impedido de usar a ponte-levadiça que está reservada a alguns… Claro que isto é um qualquer complexo de inferioridade que se “agarrou” a mim… a realidade não é, seguramente essa! Mas, mesmo assim, rezo para que não haja Regionalização… Tenho receio que o complexo passe a “paranoia”!
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