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Reciclagem cresce na região do Vale do Sousa, mas a diferentes passos

Reciclagem

Fotografia: Direitos Reservados

Reciclagem é uma palavra cada vez mais inserida no dia-a-dia da população do Vale do Sousa, que procura dar uma “segunda oportunidade” aos resíduos produzidos no seu quotidiano. Entre janeiro e dezembro de 2021, a Ambisousa recolheu mais de 13.335 toneladas de vidro, papel e plástico nos concelhos que compõem a região, um valor superior em cerca de 7% relativamente ao ano de 2020.

A empresa responsável pela recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos em seis concelhos da região divulgou os dados relativos ao último ano, que indicam maiores valores de receção de material para triagem.

Para este ano, a Ambisousa espera “continuar a aumentar as retomas de recolha seletiva” na região, tendo programado um significativo reforço de meios e viaturas que vão permitir também a colocação de mais ecopontos nas vias públicas. A empresa prevê ainda o arranque de um projeto piloto para recolha porta-a-porta na região, que numa primeira fase vai abranger 6.100 habitações e 16.500 habitantes.

Crescimento da reciclagem a velocidades distintas

O crescimento a nível da recolha seletiva é transversal a todos os concelhos analisados pelo IMEDIATO – Paços de Ferreira, Penafiel, Paredes, Lousada, Felgueiras e Castelo de Paiva – e tem vindo a aumentar ao longo dos últimos seis anos. Se, em 2016, 7.654,05 toneladas de resíduos foram encaminhadas para as instalações da empresa para triagem, em 2021 o valor alcançou quase o dobro.

Segundo dados revelados, é notório que, em 2021 os três principais fluxos – vidro, papel, e plástico – somaram aumentos. Dos três tipos de resíduos, o vidro foi o material recebido em maiores quantidades – 5.323,7 toneladas – seguido pelo papel e cartão – 5.287,26 toneladas, ambos com cerca de 40% da fatia total de resíduos recebidos para triagem. Já o plástico representou cerca de 20,43% da soma total, com 2.724,44 toneladas.

Comparando com os dados do ano transato, disponíveis em relatório da empresa, a tipologia de resíduo com maior crescimento foi o vidro – que acumulou aumentos de 8% de janeiro a dezembro de 2021. Já a quantidade de papel recebida nos centros de triagem da Ambisousa cresceu 6%, ao passo que o plástico teve o menor aumento, de 5%.

Distribuição dos resíduos enviados para reciclagem pela sua tipologia. Dados: Ambisousa

Analisando os dados disponíveis por concelho, é possível concluir que os municípios de Penafiel e Felgueiras contabilizaram os maiores crescimentos comparativamente ao ano de 2020 – 9% – enquanto as populações de Lousada e Castelo de Paiva aumentaram em 8% os seus totais de resíduos encaminhados para reciclagem. Já em Paços de Ferreira o valor aumentou 6% e em Paredes 2%.

A nível quantitativo total, o valor de resíduos enviados para reciclagem está proporcionalmente afetado pela sua população. Paredes registou o maior valor de resíduos colocados nos contentores para recolha seletiva – 3.578 toneladas. O concelho, que nos Censos de 2021 contabilizou 84.371 habitantes, representa cerca de 27% da soma total da região do Vale do Sousa durante o ano passado.

Segue-se o concelho de Penafiel, com 2.847 toneladas de vidro, plástico e papel enviadas para reciclagem. O concelho tem 69.630 habitantes e representa 21% do total do material recebido pela Ambisousa para triagem.

O concelho de Paços de Ferreira é o terceiro quando se fala em quantidade de resíduos descartados para reciclagem. A ‘Capial do Móvel’, que nos últimos Censos registou 55.598 residentes, separou 2.322 toneladas de resíduos para triagem e posterior reciclagem, um valor que representa 17% da soma do Vale do Sousa.

Lousada, com uma população de 47.376 habitantes, somou menos 300 toneladas de resíduos recolhidos que Paços de Ferreira, ficando pelos 16% quando comparado com o total da região.

Já o concelho de Felgueiras, com 55.855 habitantes, ficou em penúltimo lugar da região, enviando para recolha seletiva 2.056 toneladas de resíduos ao longo do ano passado. Este valor representa 15% das mais de 13 mil toneladas da região.

O concelho menos populoso foi o que, a níveis “brutos”, menos resíduos enviou para reciclagem. Castelo de Paiva contabilizou, nos mais recentes Censos, 15.589 habitantes e reciclou 443 toneladas de vidro, papel e plástico, fatia que representa 3% do total do Vale do Sousa, de acordo com os dados disponibilizados pela Ambisousa.

Cada cidadão recicla 38 quilogramas de resíduos por ano

Em média, cada cidadão enviou para recolha seletiva cerca de 38 quilogramas de vidro, plástico e papel, sendo que este índice varia nos seis concelhos analisados pelo IMEDIATO.

Um dos concelhos com menor população na região – Lousada – sobe ao topo deste indicador, com cada habitante a reciclar, em média, 41 quilogramas de resíduos. O valor cresceu 7% relativamente ao ano de 2020.

O concelho mais populoso da região, Paredes, foi o segundo com maior número de resíduos separados por habitante. Em média, cada paredense separou 40 quilogramas de resíduos para recolha seletiva, valor que representa um aumento de 3% relativamente ao ano passado.

Já Paços de Ferreira e Penafiel empatam neste índice, ficando pelos 39 quilogramas de papel, plástico e vidro separados por cada habitante. Contudo, o concelho penafidelense registou um crescimento de 12% no indicador, enquanto Paços de Ferreira aumentou em 9%.

Felgueiras e Castelo de Paiva contabilizaram os menores índices de reciclagem do Vale do Sousa, 34 e 26 quilogramas por habitante, respetivamente. Enquanto em Felgueiras o valor cresceu 11%, em Castelo de Paiva estagnou.

Evolução dos valores totais de reciclagem na região. Dados: Ambisousa

Aumento da reciclagem “continuará em 2022”

Em resposta ao IMEDIATO, a Ambisousa refere que, no ano de 2022, é esperada a continuidade do crescimento, tanto a nível da quantidade de materiais encaminhados para as estações de triagem, como os índices de reciclagem por habitante na região do Vale do Sousa.

“Este ano esperamos continuar a aumentar as retomas de recolha seletiva”, refere a empresa, justificando a projeção com os projetos pioneiros que estão a ser executados.

A tendência de crescimento dos índices de reciclagem não é um fenómeno exclusivo da região do Vale do Sousa – também os valores nacionais de separação de resíduos têm vindo a aumentar, ainda que em valores mais reduzidos que a média regional.

Segundo a Sociedade Ponto Verde, os portugueses reciclaram em 2021 mais 6,4% face ao ano anterior. Mais de 435 mil toneladas de embalagens foram enviadas para triagem. Entre os materiais que são colocados nos ecopontos, o plástico é o que regista um dos maiores crescimentos, com um volume de embalagens recicladas que aumentou 14% só no ano passado.

Destaque ainda para o desempenho da reciclagem de vidro, material que cresceu 5% em 2021, uma tendência que se tem vindo a verificar, de forma consecutiva, nos últimos dois anos. “Este valor é ainda mais significativo por ter coincidido com a aplicação das medidas de combate à pandemia que levou, em diversos momentos, ao encerramento temporário dos estabelecimentos comerciais”, sublinha o comunicado.

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