Os dias chegam encobertos na poeira
que o vilão-lacaio sacode ou levanta
para nos tapar os curiosos olhos.
E não satisfeito com tal sujeira
ainda nos amarra com algemas
se nossa voz firme, teima e em liberdade canta
a enaltecer tamanha obra, nobre, de velha canseira;
Sentimos em redor as grades onde nos prendem
e fazem com que todo tremas,
quando sem trabalho, e doença quanta,
olhamos o salário que a todos espanta,
e só contamos sombras rudes entre duras olheiras;
São os Senhores coveiros eleitos barões
numa combinação-social de interesses vários
que nos tolhem de mágoa, de febre, quantas emoções,
e nos recomendam suportar velho calvário
enquanto vendem banhas de cobra milagreiras…
…as que nos untam com promessas precárias
que nos adiam, até que a traça da urna nos conforte
sem que nos devolvam ao coração a vida merecida,
e por direito com raiva e amor mais que vencida,
com cabeça, tronco, mãos, e muita alma, antes da morte!
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