Apenas entre 9 e 15 de março, a semana em que foi declarada pandemia internacional por causa do coronavírus, as compras dos portugueses em super e hipermercados aumentaram 65%. Certos produtos, como papel higiénico e conservas, tiveram aumentos de vendas acima dos 200%.
Os dados foram avançados pelo barómetro da consultora Nielsen, que recolheu as vendas dos maiores grupos de supermercados do país (Auchan, Continente, Dia/MiniPreço, El Corte Inglés, Intermarché, Mercadona, Pingo Doce) naquela semana e as comparou com o período homólogo.
De todos os produtos, o barómetro indica que os portugueses têm “uma preocupação acrescida” com o armazenamento de produtos de higiene pessoal, que sofreram um aumento de vendas de 95%, e de produtos alimentares, com uma escalada de 91%.
Na área da higiene, o papel higiénico registou o maior crescimento de vendas na semana analisada, com um aumento de cerca de 230%. O disparo da compra do produto levou à imposição de limitações em várias superfícies comerciais, para não haver rutura de stock.
Contudo, outros produtos também superaram o dobro das vendas, como lenços, rolos, guardanapos e produtos para limpeza de roupa, loiça e do lar.
Segundo o barómetro, na área alimentar, as conservas lideram o aumento das vendas, com uma subida de 288%. Também os produtos básicos registaram uma variação de 237% face a um período normal.
Para a consultora Nielsen, na semana em estudo Portugal entrou na terceira fase da adaptação do consumidor à nova realidade, a preparação da despensa. O coronavírus foi considerado uma pandemia, as escolas foram encerradas e o continente europeu tornou-se o epicentro do surto, o que levou a uma “corrida às lojas”.
Essa “corrida” foi transversal a todos os distritos do país, sendo que foi mais sentida em Bragança, com uma subida de vendas de 74%. O distrito do Porto assistiu a uma escalada de 66%.
Segundo Marta Teotónio Pereira, consultora sénior de clientes da Nielsen, a nova fase é a de preparação para a vida em quarentena.
“Nessa nova etapa, a procura pelo online começa a ser cada vez mais evidente e poder-se-ão notar algumas diferenças nas tipologias de loja escolhidas. Será também interessante verificar o impacto que o anúncio do fecho de estabelecimentos comerciais poderá ter no retalho alimentar e nas decisões de compra dos consumidores portugueses”, afirmou.
Efetivamente, com o fecho dos estabelecimentos comerciais não essenciais, muitos consumidores viram-se para o meio digital para conseguirem os seus produtos, sendo que algumas superfícies comerciais “não têm mãos a medir” com os pedidos.