Saudade, é na ciência etimológica a: “lembrança de se haver gozado em tempos passados, que não voltam mais; a pena de não gozar no presente, ou de só gozar na lembrança; e o desejo e a esperança de no futuro tornar ao estado antigo de felicidade”, eu estaria nesta última situação, mas ao escrever este artigo mato a Saudade de escrever neste cantinho tão especial.
Pelo tempo passado teria imensos assuntos sobre os quais poderia partilhar a minha opinião, no entanto vou escolher a abertura do Ponto C, em Penafiel e o Centro Cultural de Paredes que todos satisfaz e enche de orgulho.
Esta obras significam muito mais que a simples junção de betão, vidros, madeiras e fios de eletricidade, são obras que transformam o meio onde se inserem e dão aos nossos jovens acesso a um futuro mais preenchido, diversificado e multifacetado.
A minha geração via-se limitada a uma oferta cultural reduzida, pequenos espaços associativos, pequenos projetos muitas vezes resultado dos sonhos de alguns e ansiávamos os 18 anos para podermos ter a liberdade automobilística de ir aos eventos nas “grandes cidades”.
Nas nossas localidades os eventos eram as festas da cidade, o desporto e mesmo nesse aspeto reinava o futebol, pois não existia uma freguesia sem o seu campo!
Se no desporto a construção de pavilhões, piscinas e outros espaços permitiu a abertura do leque de opções que hoje levam a que se pratique com elevada qualidade desportos como futsal, hóquei em patins, ginástica, natação, polo aquático, ténis de mesa entre muitos outros, o surgimento destes espaços culturais vai permitir que a cultura também, seja agora mais acessível, de maior qualidade e muito mais abrangente!
Eu sou um caso claro de quem durante a juventude as ocupações foram basicamente ligadas ao desporto e só descobri algumas paixões depois dos 30, altura em que os “joelhos” me levaram a ter disponibilidade para assistir a concertos, peças de teatro, exposições e para isso tinha constantemente de ir ao Porto, Braga, Guimarães… Hoje orgulhosamente recebo amigos em Penafiel para verem peças de teatro como “Catarina ou a Beleza de Matar Fascistas”, “Lar doce lar” ou o viver o concerto de Jorge Palma, um momento único, onde várias gerações penafidelenses juntas, encheram o Ponto C numa mesma partilha e em que os nossos olhos diziam “FINALMENTE”.
A verdadeira cultura vive da descoberta e da paixão pela descoberta, por isso não entendam que este texto quer demonstrar que só agora temos a cultura cá, porque nós sempre tivemos cultura!!! O que acontece hoje é que temos uma muito maior diversidade, abrangência, qualidade nas opções disponíveis. As gerações futuras podem usufruir de mais e podem assim criar mais com novos horizontes com acesso ao de que melhor existe. E neste caso junto Paredes ao que escrevo para dar os parabéns aos executivos Camarários que concluíram estes projetos são marcos que fazem a sociedade evoluir e por isto tudo termino com um Muito Obrigado!
