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Para nos sentirmos bem…

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É embaraçoso o regozijo pelo amontoado de gestos contra o regime do Qatar enquanto os jogos do Mundial decorrem na quase normalidade!…

Naturalmente, parece embaraçoso o enorme regozijo pelo conjunto de pequenos gestos contra o regime do Qatar e, paralelamente, a defesa da inclusão e dos direitos humanos que não deveriam ter qualquer relevância enquanto o Mundial parece decorrer com normalidade.

Sucede que a FIFA determinou que cada jogador que usasse a tal braçadeira conhecida como “One love” levaria cartão amarelo, as equipas recuaram na intenção de se manifestarem. Para além de alguns pequenos/grandes gestos no início dos jogos, pouco mais foi ou tem sido possível mostrar contra a violação dos direitos humanos face à grave situação dos trabalhadores migrantes e aos milhares de mortos na construção dos estádios de futebol.

Perante tudo isso, perante tudo o que vemos a  acontecer, talvez seja mais fácil começar pelos jovens já que o melhor objectivo é dar-lhes um bom exemplo do que deveria realmente acontecer. Porque, a situação política e social no Qatar é muito grave, porque o processo que levou à escolha do Qatar para a realização do Mundial é uma questão nebulosa que envolve, de certeza, uma enorme corrupção… Isto, sem esquecer o tratamento desumano que foi dado aos trabalhadores que construiram aqueles estádios monumentais… Isto tudo, parece, para esquecer… Porque a competição já começou… Porque os golos e a festa já estão a acontecer e porque isso tudo parece apagar a tal violação dos direitos humanos. E lá se vai o exemplo para os jovens!

De pouco serve, afinal, o tal regozijo que pode chegar dos tais pequenos gestos contra o regime do Qatar ou a indispensável defesa da inclusão e dos direitos humanos que era mesmo preciso defender. Siga a competição!…

Dentro deste espírito de contestação ou de defesa, Marcelo rebelo de Sousa anunciou já que falará no Qatar sobre a defesa dos direitos humanos e o mesmo Marcelo que disse que o Qatar não respeita os direitos humanos, propôs-se ir ao Qatar dizer o que  pensa sobre a situação política que lá se vive…

Um orgulho ou uma parolice?

Vou optar pela segunda opção porque não era necessário que o Presidente lá fosse num jogo de iniciação e, pior ainda, que as três figuras mais representativas do Estado português lá vão a seguir… Porquê e para quê? O que lá foi dizer Marcelo interessou pouco e não me fez sentir bem… Olhemos o exemplo de outros países, maiores e mais fortes que nós e saibamos agir de acordo com as nossas forças e as nossas possibilidades…

Pouco importa criticar e mostrar indignação pelo comportamento dos outros se nós próprios fazemos quase o mesmo… Afinal, parece, esses pequenos/grandes gestos de rebeldia e de contestação não são mais que um ensaio para nos ensinar que não devemos conviver com o inaceitável. Se Marcelo entendeu que foi  cumprir um dever, falhou porque, mais uma vez falou demais! Em nada nos ajudou a sentir bem!

 

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