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Aproxima-se mais um Natal, com ele uma nova mudança de ano, inevitavelmente um recrudescer da esperança em tempos melhores. Um Natal, talvez, mais próximo daquele que nos fomos habituando, com menos restrições do que aquelas impostas no ano passado, por força da pandemia, que ainda vai grassando. Restrições que regressam para a primeira semana do ano de 2022.

No entanto, para não falar do país inteiro, na nossa região, à parte de muito poucos negacionistas e, se calhar, ainda menos, dos que escolhem não optar pelos métodos de proteção promovidos, com grande pressão, pelo Estado, as nossas cidades, vilas, freguesias adornam-se. A luz gera, não só, a cor que ilumina as noites, mas também o calor que enche as almas de uma sensação de ternura, que dificilmente encontra par em qualquer outra altura do ano. A ligação ao outro, atinge, nesta altura do ano, índices sentimentais que parecem não ter fim, para gáudio de todos, miúdos, graúdos, do comércio e de quem estende a mão de forma mais ou menos desinteressada.

Nos centros das vilas e cidades, o espetáculo está montado. Por entre uma panóplia de adereços, todos se alegram, a selfie reina, a partilha da felicidade pontual e do   “olhem para mim aqui nas iluminações de Natal” torna-se imperativo. Por entre árvores de Natal, todas do mesmo estilo, que agora, não são subtraídas à Natureza, são em plástico a bem da ideologia protetora dessa mesma natureza; todo o género de construções que imitam prendas, o pai Natal, as renas, etc, todos se sentem iluminados. Para muitos, talvez seja a única iluminação que têm neste Natal.

Para lá desta iluminação, de toda a loucura consumista, da piedosa esmola que se dá num qualquer hipermercado ou se transfere para uma conta que conste de uma campanha de donativos, há uma escuridão que absorve em si a solidão, a velhice e a miséria – tudo aquilo de que os pobres não falam. Aqueles, a que justamente, endereçamos o donativo sob qualquer forma. O donativo que, por pudor, numa espécie de tentativa de lavagem do individualismo inato de cada um, somos incapazes de dar pessoalmente, portanto de estabelecer verdadeiros laços de fraternidade, sequer de fingir a igualdade, consequentemente atingindo a liberdade.

Não, não é um texto amargo, muito menos moralista, coisa que me causa alguma náusea. O Natal é para viver o melhor possível, com grande calor, a maior das ternuras e/ou da forma que cada um entende que o preenche melhor. Numa altura, onde a consciência da morte nos é espicaçada a cada momento, o medo desta impele o gosto pela vida. Um gosto que não se compadece com qualquer categoria de ideologia. Num contexto de realidade não tem de o fazer. As pessoas e o viver de cada indivíduo, assim como a vida em geral é que são reais, as idealizações não! Quer isto dizer que desejo a todos um bom Natal, a reflexão que aqui deixo, não sendo uma prenda, tomem-na como um sorriso com os olhos húmidos da ternura que causam o desconforto de pôr a pensar… Se não já, para o próximo ano, o qual,  estimo, seja muito próspero para todos!

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