É possível criar um corredor ferroviário de alta velocidade que atravesse Vila Real, Bragança e Zamora, com passagem por Paços de Ferreira, a ligar as cidades de Porto e Madrid em três horas de viagem. Quem o defende é a Associação Vale d’Ouro, que durante três meses juntou especialistas para estudar a exequibilidade da Linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes e submeteu a proposta para o Plano Ferroviário Nacional.
A ideia dos quatro engenheiros civis por detrás deste projeto é criar uma nova linha de alta velocidade com início no aeroporto de Sá Carneiro, sendo a primeira paragem Paços de Ferreira. O estudo sugere que na Capital do Móvel exista uma estação partilhada com a Linha do Vale do Sousa, de tráfego suburbano, que está em fase de estudo. Este será o troço mais lento, com velocidades à volta dos 160 km/h.
A partir de Paços de Ferreira, o comboio rumaria a Amarante, Vila Real, Mirandela e Bragança, com 30 quilómetros de linha em território espanhol, de forma a ligar a Linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes com a rede ferroviária de alta velocidade espanhola.
Segundo os especialistas por detrás desta proposta, com esta nova linha de alta velocidade, a viagem do Porto a Vila Real seria de 43 minutos, enquanto que até Bragança de 1h14m. A capital espanhola, Madrid, ficaria a 3h do Porto e, com a nova linha Porto-Lisboa prevista no PNI 2030, as duas capitais ibéricas ficariam a 4h15m.
“Este estudo, desenvolvido por um conjunto de técnicos de reconhecida idoneidade e competência técnica e a título gracioso pretende ser uma proposta construtiva que lance a discussão sobre a possibilidade da construção de uma linha ferroviária de alta velocidade que ligue o aeroporto Francisco Sá Carneiro e a rede de alta velocidade espanhola a 35 km da fronteira, passando por Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó/Murça, Mirandela, Podence/Macedo de Cavaleiros e Bragança”, lê-se em nota da organização.
Os objetivos, segundo a Associação Vale d’Ouro, são “devolver à região um caminho-de-ferro moderno, invertendo-se uma dependência exclusiva do transporte rodoviário para a mobilidade de pessoas e bens”, potenciar a “coesão territorial e socioeconómica da região”, pemitindo que se aproxime “do país e da Europa Ocidental numa estratégia alinhada e enquadrada nas políticas de neutralidade carbónica definidas pela Comunidade Europeia”.
“Este é um estudo técnico, estratégico e fundamentado. Quisemos expurgá-lo de qualquer debate político. A nossa preocupação foi ter a certeza que conseguíamos uma solução viável e agora que a encontramos é que vamos contactar universidades, autarcas, figuras públicas, as comunidades intermunicipais, os operadores ferroviários e também instâncias políticas e portuguesas e europeias”, diz Luís Almeida, presidente da associação que submeteu a proposta para o Plano Ferroviário Nacional, um projeto que representaria um investimento entre os 3,7 e os 4,5 mil milhões de euros.