Depois da eleição de Joe Biden nos Estados Unidos, continuamos com muitos motivos para ficar inquietos. Os eleitores americanos prestaram grande serviço ao mundo e às liberdades mas também é verdade que, para esses mesmos eleitores, sobram problemas enormes quer para os Estados Unidos, quer para o mundo.
Trump, como se sabe, é um narcisista desordeiro, arrogante e sem escrúpulos, um machista violento e paranóico. Mesmo assim, metade dos cidadãos americanos votou nele, milhões de mulheres, muitos negros também. Curioso ainda, o facto de não haver diferenças grandes com os eleitores de Biden. Talvez só a idade, a educação, a classe social, a residência nas grandes cidades e, sobretudo, a maioria dos negros. Nada de muito distinto, afinal, mas de notar, o facto de 90% dos liberais ter votado em J. Biden. Sabe-se mais hoje que a esquerda europeia, que se considera sofisticada e culta, condena a brutalidade dos americanos, a violência, o fanatismo religioso…
Terá sido, ou não, pela idade dos votantes, pela educação, pelo sexo ou outras razões, que Trump não ganhou as eleições e criou um problema grande que terá de ser resolvido.
É verdade que a América tem a força, o dinheiro e a ciência suficientes para querer mandar no mundo… mas, nada de grande se faz sem defeitos. E é preciso recordar também que o racismo e a arrogância, por exemplo, encontram na América um terreno fértil. Tal como é verdade que os grandes combates pela liberdade e pela dignidade das mulheres, dos negros e das minorias também tiveram aí um espaço propício.
Entretanto, hoje, assim como reina a confusão no espaço que elegeu Biden, é oportuno fazer algumas interrogações: Onde está a tradição cultural do cinema americano, da grande literatura, da mais avançada ciência do mundo? E, na resposta, ficamos todos inquietos… Porque é difícil compreender!
Entretanto, ainda na América, foi eleita também Kamala Harris para vice-presidente dos Estados Unidos e, mesmo longe, orgulhamos-nos disso. Porque ela representa a história de ser a primeira mulher negra procuradora de S. Francisco; a primeira mulher a ser eleita vice-presidente… Para todos os efeitos, foi histórica a sua eleição e, facto curioso, numa espécie de declaração política, no dia da vitória, vestiu-se de branco, que é a cor dos movimentos de libertação das mulheres, desde o tempo das sufragistas em Inglaterra.
Não terá sido fácil quebrar tantas barreiras mas Kamala Harris, como outras tantas, afinal, acabou de quebrar barreiras e ela irá ser, acredito mesmo, a herdeira de Barack Obama. Porque ela merece, porque ela tem capacidade para isso e isso chega!
P.S. E agora, um salto gigantesco até este canto onde as coisas estão mal, muito mal…
Estou claramente decepcionada com a inclusão do concelho no topo dos casos da pandemia. E é assim, pela negativa, que se destaca a impreparação de quase todos neste combate difícil. A falta acentuada de civismo e o abuso de tantos, não facilitam qualquer tentativa para inverter a tendência que, infelizmente, nos coloca no topo de uma lista que se destaca pela negativa… Tenho muita pena que assim seja até porque, de algum modo, ela traduz o retrato deste povo…