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O dom de adivinhar que alguns (pseudo) vendedores/comerciantes possuem!

sapatilhas

Vivemos numa era digital em que, por força das modas, vimos a renegar para segundo plano o contacto pessoal tanto nos negócios como na nossa vida e nada mais de errado nos poderia estar a acontecer.

Mas é na área do negócio, do comércio que me vou focar neste meu desabafo…

Fruto de vender um produto que tem o automóvel como o fator predominante na escolha dos consumidores, a cada passo visito concessionários ou stands das diversas marcas, para conhecer em pormenor esse mesmo subproduto, ouvir opiniões, tirar elações, partilhar ideias e para que eu próprio me convença de que estou a servir e a aconselhar bem o meu cliente.

Qual não é a minha indignação ao entrar num desses “standes” de uma marca dita premium e deparar-me com 3 (três)… sim três videntes que com um olhar relâmpago me avaliaram como “um não cliente”.

Os bons dias foram frios, mas até entendo… estamos em novembro, sou um estranho… não queria eu, ser recebido de beijos e abraços!!!

Posso dar uma vista de olhos? – questiono eu…

Se algum dos três videntes me respondeu, sinceramente não ouvi. Peço desculpa.

Dirigi-me ao automóvel que queria conhecer mais em detalhe e fui aquele parolo que qualquer vendedor ou comerciante conhece tão bem. Abri e fechei portas, sentei-me, apalpei o material, liguei o multimédia, sai, voltei a sentar-me nos bancos de trás, apreciei o teto panorâmico, sai de novo, abri a mala, etc. etc. etc… e só não dei um “biqueiro” no pneu, não fosse estragar as minhas sapatilhas do chinês, … e por falar nisso, talvez tenham sido essas mesmas sapatilhas ou ténis (como queiram chamar) que levaram os três videntes a tirar elações a meu respeito, queres ver? … e não é que acertaram!! Eu não estava mesmo comprador daquele carro.

Saí, agradeci a amabilidade, e os videntes retribuíram-me com um acenar de cabeça e continuaram a fazer o que estavam. Um deles que julgo ser vendedor (sem desprezo pelos vendedores) ao telemóvel, outro sentado numa secretária a dois metros do carro que fui apreciar e uma rececionista atarefadíssima!

PORRA só podem estar a brincar!

Admitindo que em algum momento da minha vida profissional já me tenha comportado da mesma forma, ou que me venha a comportar, até porque não sou mais do que ninguém e todos, sem exceção, temos dias menos bons, peço desde já perdão…, mas três pessoas em simultâneo, dentro do mesmo espaço, a passar por um dia menos bom… nah, não me parece! Simplesmente não gostam do que fazem, mas ainda não perceberam… MUDEM!!

Mas não dei o meu tempo como perdido, muito pelo contrário trouxe coisas boas comigo.

Quantas vezes não reclamamos da falta de clientes?

Não descoremos o espaço mais valioso que temos… o local para os nossos clientes estacionarem. Quantos de nós já se deram conta que, por exemplo, tomam café diariamente em um determinado sítio e nem se apercebem do porquê!!! Se calhar é por ser fácil estacionar.

Eu sei que nas pequenas cidades ou até mesmo em grandes, fruto do seu ordenamento com ruas de sentido único, os estacionamentos tornam-se escassos, mas desafio-vos a fazer este exercício:

Amanhã, a meio da manhã ou tarde, corram a pé a rua onde têm o vosso comércio ou estabelecimento e vão concluir que os carros que estão a ocupar os lugares que podiam facilitar mais visitas de clientes ao vosso espaço, está ocupado por si, pelos outros comerciantes e respetivos colaboradores. Sei que é duro ler isto desta forma, mas é a realidade. Também sei que, nem em todas as cidades existe um outro parque público a 100 ou 200mts da nossa loja. Mas se calhar, em algumas localidades até existe e se mudarmos os nossos hábitos, se nos unirmos e cultivarmos a cultura de deixar o lugar em frente à nossa loja livre para quem nos dá a ganhar, talvez, talvez não sei, venhamos a ter mais clientes.

As autarquias e associações de comerciantes ou associações empresarias que têm a responsabilidade de zelar pelo bem-estar económico dos diversos intervenientes, deveriam também, sobre este tema refletir e ponderar.

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