Modelo Opiniao

Liberdade é também essa verdade de viver a sexualidade em pleno e gostar deste ou de outro sexo ou ser fluído ou não binário. O moralismo sobre estas questões tem a capacidade de me surpreender e me inquietar.

Nas redes sociais, circula um vídeo que mostra um grupo de crianças que são amigas e são diferentes: etnias, sexo, religião, condição física. A pergunta feita no vídeo é: “O que vos distingue?”. A minha resposta preferida é a de duas meninas, estando uma delas numa cadeira de rodas. O que as distingue é que uma gosta de uma coisa que a outra não gosta. Não há, nas respostas das crianças, qualquer menção à etnia, religião, sexo, condição física. Existe apenas o amor de uma amizade, a felicidade de terem um amigo ou amiga. As crianças ainda conseguem ter essa capacidade de manter um sentimento puro sobre aquilo que é o amor e a amizade.

Quando é que os adultos deixaram de ter a mesma capacidade? Quando é que os adultos param para pensar que o mundo é belo nas suas diferenças?

Os movimentos extremistas promovem o medo e o individualismo, não promovem liberdade e debate. Se não comunicarmos, ficamos isolados. E, sem razão, estamos a invadir lançamentos de livros por abordarem o universo da sexualidade livre. Que sempre existiu, que sempre nos tornou diferentes.

Precisamos muito de que as crianças possam ler sobre as diferentes sexualidades e expressões de género, não por doutrinação, mas precisamente para não ficarem toldadas por preconceitos bacocos e retrógrados que, nós adultos, acabamos por lhes incutir. E sobre pais divorciados. E sobre etnias diferentes. E religiões. E condições físicas. E sobre refugiados e imigrantes.

Precisamos que as novas gerações não vivam na bolha moralista de alguns, afastadas das ideias dos outros e da sua realidade. Afinal, o século XXI não deveria continuar a ser um século de construção de liberdade?

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