Em Oleiros, a substituição de espécies junto a casas e aglomerados é solução nas faixas de gestão de combustíveis. Além de salvaguardar pessoas e bens, a mudança da paisagem pode permitir um rendimento para o proprietário.
Pedro Capela não tem mãos a medir nos meses de março e abril, tantos são os contactos que a Novafloresta recebe para serviços de limpeza de faixas de gestão de combustíveis na região de Oleiros. “Depois de 2017 faz-se muito mais trabalho de limpeza florestal à volta das casas, dos aglomerados, porque as pessoas tomaram mais consciência de que os fogos estão mais perigosos. Até os municípios, que já tinham a obrigação de fazer as faixas de rede secundária, passaram a fazer o triplo nas ações de manutenção destas áreas”, afirma Pedro Capela à “Produtores Florestais”, reconhecendo que as pessoas estão mais sensibilizadas para a importância de manter as suas propriedades limpas de matos.
A gestão de combustíveis consiste em retirar o máximo de matéria vegetal (que alimenta o fogo) de um determinado sítio – numa faixa à beira de uma estrada ou junto a casas – para, desta forma, reduzir ou anular a combustão, que pode resultar em incêndios devastadores.
As operações nas faixas de combustíveis passam pelo destroçamento dos matos, que podem ser incorporados no terreno ou retirados para aproveitamento de biomassa para produção de energia ou para fábricas de pellets, e pela redução do número de árvores ao abrigo da legislação. Mas em Oleiros, a Novafloresta desenvolve uma nova estratégia.
Manutenção com menos custos
“A melhor solução é a substituição de espécies. O ideal não é tirar a paisagem, mas sim transformar a paisagem, com a plantação de medronheiros, sobreiros, castanheiros, oliveiras”, afirma Pedro Capela. Numa plantação devidamente alinhada, estas faixas são muito mais fáceis de mecanizar. “A manutenção futura torna-se mais simples e barata. E a nova paisagem representa um rendimento para o proprietário, como é o caso do medronheiro, fruto que serve para fazer aguardente e destilados de medronho”, acrescenta o engenheiro florestal.
“Todos os anos o proprietário vai gastar 300, 400 ou 500 euros só para limpar a faixa de pinhal que ficou junto às casas, e ninguém quer ter um terreno que só representa um custo. Limpar só por limpar é desmotivador para as pessoas, mas se houver uma espécie que produz algum rendimento já vão cuidá-la.”
Em Vale de Ouzanda, a Novafloresta instalou uma área de medronheiro, junto do aglomerado de casas, que parou um dos incêndios que assolou a zona de Oleiros, no último verão. “O medronheiro está adaptado a esta região, comporta-se um bocado como corta-fogo e é uma forma de criar uma paisagem arbustiva junto das habitações”, conclui Pedro Capela.
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