Cerca de 43% das 200 empresas que integram a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) tiverm quedas de faturação entre os 25% e os 50% nos primeiros cinco meses do ano face ao mesmo período do ano passado. Contudo, a grande maioria (87%), manteve todos os postos de trabalho.
Em comunicado, a APIMA adiantou mais números negros que a pandemia deixou no mercado do mobiliário, colchoaria, a decoração, a tapeçaria e a iluminação: apenas 10% das empresas tiveram evolução positiva do volume de negócios, 63% entraram em lay-off simplificado e a mesma percentagem adiou ou cancelou os investimentos previstos.
Contudo, o inquérito da APIMA junto das cerca de 200 empresas que engloba também revelaram dados promissores: 87% das empresas mantiveram a totalidade dos colaboradores que mantinha antes da pandemia, 30% espera já igualar a faturação no primeiro semestre de 2021, com outros 30% a objetivar a recuperação para o segundo semestre.
Estes dados foram transmitidos na segunda-feira pelo presidente da APIMA, Joaquim Carneiro, ao Secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Correia Neves, e ao Presidente do IAPMEI, Nuno Mangas, num conjunto de visitas e de reuniões estratégicas realizadas por estas entidades.
«As empresas deste cluster demonstraram a resiliência que as caracteriza e foram céleres a adaptar-se e a responder aos novos desafios, o que tem permitido amortecer, pelo menos, o impacto da crise. Contudo, sentimos, no seio das empresas, uma grande incerteza em relação ao último quadrimestre do ano, à evolução do consumo neste período, à resposta dos principais mercados e à possibilidade de surgimento de uma segunda vaga… São demasiadas variáveis que influenciam o poder de compra e a confiança dos mercados», explicou Joaquim Carneiro, citado em comunicado.
Entre as principais preocupações das empresas destes setores estão o encerramento ou dificuldades financeiras dos clientes (70%), a procura de novas formas de promoção internacional, alternativas às feiras (70%), a proteção e a segurança dos colaboradores (56%), as dificuldades na cadeia logística internacional (37%) e o encerramento ou dificuldades financeiras dos fornecedores (18%).
As interrogações relativamente à forma como o mercado se comportará no mês de setembro são confirmadas pelo planeamento produtivo atual das empresas. 44% afirma ter encomendas para um mês ou menos, com 27% das organizações a registar planeamento para dois meses e 29% para mais de dois meses.
Apesar do cenário de incógnita que o cluster enfrenta, as empresas inquiridas pela APIMA demonstram esperança e confiança numa recuperação económica já no ano de 2021.
Governo visitou empresas de mobiliário e afins
O roteiro da visita do Governo iniciou-se na Pelcorte, “referência nacional e internacional na área dos estofos”, com 45 anos de experiência no mercado e 60 colaboradores. A empresa, sediada em Rebordosa, Paredes, manteve os planos de investimento para este ano, nomeadamente com a construção de uma nova unidade, que permitirá aumentar a produção.
Já na JMS, que se dedica ao design, desenvolvimento, fabricação e comercialização de cadeiras e de mesas, a mensagem foi de perseverança. A empresa, também de Rebordosa, conta com 150 colaboradores e faturou, em 2019, 12 milhões de euros, 95% dos quais oriundos de exportações, manteve sempre a laboração, ao longo da pandemia, não tendo colocado qualquer colaborador em lay-off.
A última das empresas visitadas foi a FRATO, especializada na decoração de interiores e mobiliário de luxo, que conta com pontos de venda em alguns “dos mais restritos e exclusivos centros mundiais”, como o Dubai Mall, nos Emirados Árabes Unidos, o Design Centre, Chelsea Harbour e o Harrods, ambos na capital inglesa. Com um volume de negócios que atingiu, em 2019, 20 milhões de euros, e 150 colaboradores distribuídos por três unidades produtivas, a FRATO ambiciona manter a dinâmica de crescimento contínuo que marcou a primeira década de atividade da empresa.
«Através deste roteiro, foi possível perceber o momento que o tecido empresarial atravessa e os desafios colocados pela pandemia da COVID-19. É com esperança e algum otimismo que constato a resiliência das empresas destes setores, que não apenas conseguiram preservar os seus negócios e postos de trabalho, como registam os primeiros sinais de retoma», afirmou o Secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Correia Neves.