Acabei de ler uma excelente Biografia de Alexei Navalny, o grande opositor de Putin e, se descobri algumas marcas biográficas que o caracterizam, ganhei igualmente, uma enorme lição de coragem. Daquelas que nos ensinam a viver ou, melhor ainda, daquelas que nos dizem que sejamos nós próprios até ao fim!
Nos tempos difíceis que vivemos, onde cada um procura ganhar e onde tantos outros, tudo fazem para que os seus objectivos se cumpram, um exemplo de vida, como o de Navalny, tem, forçosamente, de ser registado.
Bem sei que Navalny não é visto por todos da mesma maneira: um herói democrático para uns, um quase traidor para outros, um nacionalista para muitos mas, sem dúvida também, um enorme exemplo de coragem, de criatividade e de inteligência, sobretudo.
Esta longa Biografia de que falo, para além dos registos curiosos e até enternecedores, é também um livro sobre corrupção, sobre desigualdade e, sobretudo, um enorme exemplo de luta… Uma luta enorme a que a maior parte de nós não está habituada…
Numa atenta leitura das palavras e acções de Navalny, percebe-se a confusão enorme em que se vive, num país estranho como é a Rússia… Por isso, é quase fácil perceber também a confusão de muitas pessoas que falaram ou ainda falam da figura complexa que é Navalny. Ele foi, é, um liberal que fez declarações nacionalistas e até racistas… Ele é também um democrata convicto que liderou um movimento com mão forte e cheio de coragem. Ele foi um patriota que apelou a sanções contra autoridades russas e a sua vida conta-se numa história com três vertentes: como activista anticorrupção, como político e como líder de protestos. E está quase tudo aqui: Navalny, um homem determinado na luta, que nunca desistiu de combates importantes.
De acordo com Navalny, a Rússia do amanhã seria próspera, democrática e voltada para o futuro… Por isso quis tanto lutar contra a falta de liberdade na Rússia, por isso quis tanto lutar contra a falta de felicidade… Essa era a meta de Navalny, a sua figura como alternativa e, sobretudo, como exemplo de coragem e de inspiração.
E foi assim, pela coragem, que Navalny escolheu viver!
E foi assim, pela cobardia, que Putim decidiu provocar-lhe a morte…
A última aparição de Navalny, pouco antes de morrer, mostrava um homem pálido, enfraquecido, muito frágil, naturalmente. Mas de espírito forte, irónico e de bom humor. Quase de bom humor… Castigaram-lhe o corpo mas a força da mente permaneceu. Quase naturalmente também. Decidiram matá-lo mas ficou dele a imagem de que nunca se deve desistir… E também a pergunta: Como seria a Rússia sob a sua herança?
Não tenho bem a certeza se a morte de Navalny vai ter a força de mudar alguma coisa na Rússia. Eu quero muito que sim. Porque acredito na mensagem forte de um homem corajoso que acreditou, ele próprio, que a sua morte iria servir para que o homem, cada um de nós, terá de ser sempre forte para poder continuar… Porque não podemos desistir!
Representará Navalny o futuro da Rússia? Para já, acredito que o Kremlin não quer que o seja mas, naturalmente também, eu quero muito que sim. O seu movimento, a sua coragem, o seu símbolo… hão-de poder decidir…