O homem de 57 anos que é suspeito de ter estrangulado a mãe até à morte, em Cristelos, Lousada – crime que só foi descoberto seis meses depois, após denúncia de um neto da vítima – começou ontem a ser julgado no Tribunal de Penafiel e negou ter sido o homicida da progenitora.
A morte da idosa de 80 anos ocorreu a 4 de julho de 2023, e foi encarada como uma morte natural, depois desta ter sido encontrada em paragem cardiorrespiratória na casa que partilhava com o filho e com um neto. Contudo, em setembro desse mesmo ano, o neto da idosa apresentou uma queixa às autoridades, dando nota de que viu o tio a asfixiar a avó com um cinto. O corpo foi exumado e autopsiado e o homem de 57 anos acabou por ser detido.

Ontem, no Tribunal de Penafiel, António Moura negou a autoria do crime. “Para mim, não fui eu que a matei”, começou por dizer ao coletivo de juízes do Tribunal de Penafiel, reconhecendo que tinha problemas de álcool e que às vezes “chegava a casa com um copito”. António Moura, que morava com a mãe e o sobrinho há cerca de um mês, depois de ter perdido a sua casa num incêndio, negou que tratasse mal a mãe e que a ameaçasse de morte, como consta na acusação, episódios que levaram a GNR algumas vezes à habitação, a última vez das quais, horas antes da idosa morrer. “Para mim não fui eu que a matei, era amigo dela, ela era minha amiga”, insistiu o homem, que garantiu que só soube que lhe era imputada a autoria do crime, quando o sobrinho apresentou queixa nas autoridades e lamentou que a mãe tivesse sido enterrada sem ser autopsiada. “A minha mãe para mim foi enterrada como um animal”, referiu.
Na primeira sessão do julgamento foi também ouvido José Carlos Cunha, o sobrinho do arguido e neto da vítima, que confirmou os vários episódios em que o tio tratou mal e ameaçou a avó. Reconhecendo que o tio – que também é seu padrinho – “bebia muito” e andava diariamente embriagado – tal como no dia do crime – recordou uma discussão acesa que o tio teve com a avó que culminou com o homem a colocar um cinto à volta do pescoço da mãe. “Tentei afastá-lo, mas ele deu-me um encontrão com o braço e eu caí”, explicou, acrescentando que depois “por medo”, fugiu, e regressou cerca de duas depois, durante as quais andou a vaguear no centro de Lousada e onde fez compras, encontrando a avó já morta. “Estava fria, sem reação”. Depois disso, José Carlos assegurou que tentou “dar a entender” a uma tia que havia um cinto no quarto onde a avó foi encontrada sem vida e que perguntou ainda se a idosa tinha marcas no pescoço.
Em setembro desse mesmo ano, José Carlos Cunha – que continuou a viver com o tio e teve com este, algumas discussões – denunciou o caso às autoridades, aconselhado por duas amigas com quem tinha partilhado o que tinha visto. “Fui lá e disse que vi o meu padrinho matar a minha avó”, concluiu.
