– Ainda há gente boa. Pessoas que nos permitem pensar que têm o coração no sítio e não só na boca como algumas más línguas nos querem impingir por vezes. Gente solidária, que se aproxima, nos bate à porta por bem, quando o mundo parece estar a desfazer-se e a cair por terra até levarem com ela por cima. Pessoas que perguntam sem más intenções como vamos de saúde e de família. Todos sabemos que a Vida é feita de ilusões, incompreensões, e de bolsos vazios que nos fazem pensar de tanto penar. Cada um sofre à sua maneira e por detrás dos biombos que tem à sua frente mesmo se cheio de interrogações e sem respostas para tantos problemas preocupantes, uns, outros de insatisfações. Coisas negativas que entristecem, más notícias que criam o vazio na alma, já ela em si mesmo, ao que parece, um “mistério” feito de coisa nenhuma mas por onde escorre a dor que nela se apega. No entanto, chega uma altura em que a gente sente que há sempre alguém que nos quer bem. Coisa rara nos dias que nascem por entre a angústia e outras guerras bem mesquinhas. Aborrecidas e egoístas que exibem o mau carácter de quem as demonstra e nos quer enfraquecer, sabendo da nossa frágil condição de ser humano, com todos os defeitos e pequenas virtudes. Mas neste Natal eu pude experimentar quem me quer bem e mais confortado. Alguns são gente da casa, mas mais importante foram aqueles mais estranhos que respeitamos e nessa Quadra o demonstraram. Gente a quem devemos todo o respeito e que jamais podemos esquecer e a quem nos cabe até aumentar o carinho que temos por elas. Gente boa desde nascença e por certo por educação, formação, cultura. Gente compreensiva e generosa que não foge na hora de dar atenção, calor e a amizade sincera, e tão despejada sem sentido nos dias de bala e de fogo assassino que vai no ar. Ainda há gente e pessoas por dentro que fazem com que outros beneficiem desse amor que reflecte sanidade e também santidade. Gente que nos aparece na vida sem sabermos ao certo como até nós caminharam. A Vida é mesmo um “mistério” bem grande, mesmo se o iluminarmos com as luzes ensarilhadas que guardamos para outros natais que hão-de vir e colocar numa árvore de plástico ou biológica do verde campo. Gente feita de pessoas autênticas e cheias de originalidade que agora escasseia, ou anda num faz-de-conta irritante. Felizmente que são almas assim abençoadas, e que nos guiam quando a luz ou o necessário se apaga ou se esgota e de nós se esquecem. Como pagar-lhes se não dizer-lhes humildemente que são já raras mas delas muito gostamos. Para todos os que ornamentam este comentário quase presépio, ou nele se reconhecem, fica o nosso – Obrigado!