Nuno Ribeiro, o ex-diretor desportivo da equipa de ciclismo W52 – FC Porto, falou esta sexta-feira no julgamento “Prova Limpa”, que senta no banco dos réus 26 arguidos, e reconheceu que havia doping entre os ciclistas da equipa. Mas negou que tivesse sido por sua iniciativa e disse que cumpria ordens do patrão da equipa, Adriano Quintanilha, um “mestre da manipulação, que queria ganhar a todo o custo”, referiu, citado pela agência Lusa.
Sem os restantes arguidos na sala, Nuno Ribeiro falou pela primeira vez ao coletivo de juízes, no âmbito de um processo em que é arguido, juntamente com Adriano Quintanilha e mais 24 arguidos, entre os quais ex-cliclistas.
“Nunca tive dinheiro para o doping, nem instiguei ao uso do doping. Foi e sempre o senhor Adriano que o fez. O senhor Adriano gastava milhares de euros a patrocinar essas práticas dopantes”, referiu, citado pela agência Lusa, assegurando que que o esquema era financiado e incentivado pelo patrão. “O do quero, posso, mando e pago. Ele sabia de tudo, queria ganhar a todo o custo e dizia: ‘pago para ganhar e ganho’. Atirava isso à cara dos ciclistas e ameaçava. O ambiente era infernal”, acrescentou.
Segundo Nuno Ribeiro, Adriano Quintanilha entregava dinheiro aos ciclistas para pagarem as substâncias dopantes que estes adquiriam online ou em farmácias – também arguidas no processo – e que depois, para “mascarar esses pagamentos”, o antigo patrão da W52-FCPorto usava “ajudas de custo fictícias”, com quilómetros ou despesas particulares, como almoços, que nunca foram realizados.
Ao tribunal, Nuno Ribeiro disse que tem vindo “a “sofrer pressões e ameaças”, nomeadamente do arguido Adriano Quintanilha e garantiu que já foi abordado pelo antigo patrão, que lhe ofereceu uma compensação mensal de dois mil euros, durante dois anos, para que “assumisse a culpa toda”.