Quase recorrentemente vemos artigos com os títulos do tipo “Rever lei eleitoral – Aproximar eleitos de eleitores”.
Não tão recorrentemente vou “espreitar”. Numa vaga esperança de ir ler alguma coisa diferente do que li antes… mas não. Não tem sido assim. Na generalidade advoga-se que os Eleitores saibam que Deputados elegeram para o Parlamento e, eventualmente, a que região ficarão ligados, conseguindo-se com isso uma maior proximidade.
“- Diz-me lá Vítor: queres conhecer melhor o deputado onde “caiu” o teu voto?”. E eu, cidadão eleitor respondo que não… que não vejo o menor interesse em saber qual foi o Deputado que, com o contributo do meu voto, foi eleito e região.
Nutro uma vaga esperança que um dia irei escrever para o Presidente da República e ele me responderá pessoalmente. Mas longe de mim ficar surpreendido que assim não seja. Embora me pareça possível… acho natural que assim não seja… É o Presidente da República!!!! Sei muito bem se votei, ou não, para que este presidente fosse eleito. Mas tenho-o como um político próximo.
Se me resta alguma dúvida quanto ao Presidente da Republica, não me resta dúvida alguma se escrever para o Senhor Presidente da Câmara. Tenho a certeza que ele não me responderá… Será alguém a responder e eu nem sequer sei quem (que funções desempenha e que delegações de competências tem) é esse alguém que me responderá (e isto não são ilações, sei, por experiência própria que é assim).
Então para que quereria eu alterações à Lei Eleitoral para ter proximidade aos Deputados parlamentares? Para mim faria muito mais sentido que fosse necessário que cada Presidente de Câmara, logo após eleições, tivesse de frequentar um curso de cidadania onde lhe seria explicada a importância de estar próximo dos seus eleitores!
Falo do Senhor Presidente da Câmara, mas esse curso seria ainda mais necessário para os seus Vereadores… A/os Senhoras/es Vereadoras/es ocupam cargos para darem o seu melhor em prol dos munícipes. E aqui também falo por experiência própria. Nunca nenhum/a Senhor/a Vereador/a me telefonou a dizer-me: “- Venha cá sentar-se em frente a mim para que, juntos, encontremos uma solução para o problema que lhe está a dificultar a vida.”. Não, o/a Senhor/a Vereador/a vai mandar-me uma carta, e bem ameaçadora. Falar com ela/e… nem em sonhos. Enquanto não houver uma revisão profunda da Lei Eleitoral nunca o Senhor Presidente da Câmara, as as Senhoras/es Vereadoras/es se darão ao “incomodo” de proximidades desnecessárias aos seu munícipes.
Claro que a minha experiencial também não é pequena quando se trata de abordagens a quadros superiores que ocupam funções nos organismos locais… mas, mesmo assim, não são tão negativas. São geralmente pessoas afáveis embora algumas dessas pessoas já tenham quem responda por elas a comunicações que lhes são dirigidas.
Caro que acho útil uma alteração à Lei Eleitoral para aproximar os eleitos dos eleitores… mas não desses lá de longe… da Europa ou de Lisboa, mas sim para aproximar aqueles que diariamente se cruzam connosco nas ruas da cidade… Estou no 56º lugar no ranking da felicidade… mas quem me empurra tão lá para o fundo são “os santos da porta!”
Claro que reconheço, enquanto eleitor, que uma boa parte da responsabilidade na situação é mesmo minha!
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