O Futebol Clube de Penafiel vai a eleições no próximo dia 21 de agosto. Depois de terem sido criticadas e colocadas em causa as decisões tomadas na última Assembleia Geral do Clube, que aprovou a constituição da SAD, os órgãos sociais do Futebol Clube de Penafiel, pediram a demissão e vão apresentar-se novamente a eleições.
Ao longo dos últimos dias, têm sido várias as reações a esta questão. António Gomes, Augusto Teixeira e Jorge Gomes, vieram, em nota de imprensa, criticar a forma como o processo da Assembleia Geral foi conduzido, pedindo que sejam anuladas as decisões tomadas. Também o Partido Socialista veio, da mesma forma, pedir a demissão de António Gaspar Dias.
A Câmara Municipal garantiu que acompanhará este processo.
Leia, na íntegra, o comunicado emitido por António Gomes, Augusto Teixeira e Jorge Gomes.
Tendo tomado conhecimento da demissão em bloco dos órgãos sociais do Futebol Clube de Penafiel e da marcação de eleições antecipadas para 21/08/2018, vimos pelo presente tornar público o seguinte:
– Quando este grupo de associados denunciou publicamente as irregularidades ocorridas em torno da Assembleia Geral Extraordinária (que estão à vista de todos) e anunciou a apresentação de providência cautelar para a suspensão da execução das deliberações tomadas nessa Assembleia, ainda havia a expectativa de que os órgãos sociais do clube atentassem nas razões invocadas e, com sentido de responsabilidade e legalidade, convocasse nova assembleia geral para recolocar os assuntos à análise e discussão, desta vez de forma transparente, com menção expressa na ordem de trabalhos e facultando antecipadamente toda a informação aos sócios.
– Contudo, ao invés, os órgãos sociais do clube, numa atitude completamente irresponsável e infantil, apresentaram a demissão, forçando a convocação de eleições antecipadas e desafiando os associados a apresentarem candidaturas e projectos.
Há que, em primeiro lugar, referir que nenhum associado pediu a demissão dos órgãos sociais do clube, sendo nosso entendimento que os mandatos devem ser respeitados e integralmente cumpridos.
O que este grupo de sócios fez foi alertar e denunciar a forma irregular como a Assembleia Geral Extraordinária do dia 23 de Julho foi convocada, bem como a ilicitude das deliberações que nela foram votadas, designadamente a que aprovou a transmissão ou cedência de 90% do capital da SAD a uma empresa externa ao clube, sem que a esmagadora maioria dos associados estivessem devidamente informados e esclarecidos acerca do assunto.
– A demissão dos órgãos sociais do clube constitui um verdadeiro “eclipse rubro negro!”. Os actuais dirigentes querem lançar o clube na escuridão!
Mas o que os sócios apenas querem é luz e transparência!
– Obviamente que essa demissão em bloco nada tem de inocente, nem de democrático, ao contrário do que o Senhor Presidente da Direcção apregoa.
É uma táctica para verem o seu poder reforçado e assim tentarem contornar as irregularidades e ilicitudes existentes relacionadas com a SAD a constituir.
Os órgãos sociais demissionários sabem perfeitamente que, nesta altura da época desportiva, muito dificilmente algum associado tem condições para se apresentar a eleições, ainda para mais com o acto eleitoral agendado tão rapidamente e a escassos 14 dias.
Os actuais órgãos sociais já têm a sua lista feita, enquanto que qualquer outro sócio terá de compor um elenco, o que nesta altura e em tão curto espaço de tempo será uma tarefa quase impossível.
A democracia não é forçar a realização de eleições com o intuito de contornar os problemas e as vissicitudes.
A democracia é acima de tudo actuar com transparência, é informar e esclarecer, é dar voz a todos.
– Mas nenhum associado se vai deixar iludir e muito menos este grupo de sócios. As diligências judiciais não vão parar e, para além da providência cautelar já apresentada, dentro de dias será também intentada a acção de impugnação e anulação das deliberações da Assembleia.
São diligências que se impõem realizar na defesa e salvaguarda dos superiores interesses e direitos do FC Penafiel.
Ninguém pretende manietar ou condicionar as normais actividades do clube, mas sim que o Dossier da SAD (devido à importância estrututal que tem) seja tratado de forma transparente, participativa e dentro das regras legais e estatutárias.
– Neste sentido, formulamos vários convites aos órgãos sociais do clube:
– Convidamos os órgãos sociais do clube a continuar no exercício dos cargos para que foram eleitos e que cumpram os seus mandatos até ao fim;
– Convidamos a que assumam, desde já, publicamente e de forma definitiva, a não execução das deliberações emanadas da lamentável assembleia geral de 23 de Julho último.
– Convidamos ainda a que seja marcada uma nova assembleia geral extraordinária para revogação das deliberações votadas na assembleia geral de 23 de Julho, para informação, esclarecimento e análise da transformação da SDUQ em SAD, e para que seja anunciado um prazo para apresentação de propostas de aquisição de capital social da SAD, a fim de numa posterior assembleia tais candidaturas possam ser apresentadas aos sócios, discutidas e votadas.
Isto sim, é democracia, é transparência, é luz!
Leia, na íntegra, o comunicado emitido pelo Partido Socialista:
PS Pede Demissão do Presidente da Penafiel Verde
O Partido Socialista foi visado por António Gaspar Dias, Presidente do Futebol Clube de Penafiel, numa entrevista pública, sendo acusado de não ter sido responsável, ao misturar política com futebol.
O Partido Socialista repudia tais graves acusações esclarecendo que nunca criticou ou comentou a recente polémica da passagem de Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas para Sociedade Anónima Desportiva.
Os assuntos relacionados com o Futebol Clube de Penafiel dizem respeito aos seus órgãos Sociais e aos seus sócios, mas os assuntos relacionados com a Política Municipal, os apoios municipais ao Desporto e os equipamentos e Infraestruturas, dizem respeito a todos os Penafidelenses.
Foi nesse sentido que o PS de Penafiel juntamente com o movimento “Tino de Rans – Penafiel é TOP” requereu a convocação de uma Assembleia Municipal Extraordinária afim discutir dois temas urgentes, sendo um deles, precisamente, a Política Municipal de Desporto.
Isto posto, foi com perplexidade que o Partido Socialista de Penafiel acompanhou a entrevista do António Gaspar à Fórum TV, especificamente o excerto em que se refere à suposta partidarização do Futebol Clube de Penafiel.
Efetivamente, não pode deixar de causar estupefação que alguém que exerce, atualmente, um cargo de nomeação política – Presidente da Penafiel Verde – e que cumula esse mesmo cargo político com a presidência do Futebol Clube de Penafiel, tenha a coragem de manter uma cara séria enquanto acusa outrem de partidarizar o clube: precisamente o que o António Gaspar fez.
Dá-se ainda o caso da Penafiel Verde – uma empresa municipal – ser um dos principais patrocinadores do Futebol Clube de Penafiel, o que só por si levanta uma série de questões de índole moral, ética e de transparência.
É também notável que o António Gaspar, na sobredita entrevista, não tenha afastado a possibilidade de cumular aquelas duas funções, com a presidência da putativa SAD do Futebol Clube de Penafiel: o que é manifestamente ilegal, face ao previsto no Estatuto do Gestor Público e nos próprios Estatutos da Penafiel Verde.
Ressalta ainda daquela entrevista a especialização do Presidente do Futebol Clube de Penafiel e Presidente da Penafiel Verde, em desempenhar o papel de vítima: é noticiado o facto de existirem crianças em condições vergonhosas a habitar as instalações do clube e o António Gaspar alega tratar-se de uma cabala; é tomada a decisão mais importante da história do clube, numa assembleia participada por menos de 10% da totalidade dos associados e sob um nevoeiro que levou à impugnação judicial da deliberação de transformação em SAD e subsequente venda do capital social e, mais uma vez, a culpa é de terceiros, no caso, de homens que, por méritos próprios, já estão na história do clube que sempre serviram de forma gratuita e da própria cidade.
Esta perplexidade é ainda extensível à postura da Câmara Municipal de Penafiel que, não obstante as centenas de milhares de euros de dinheiro público investidos no clube, da cedência do estádio e de recursos humanos municipais, manifesta um completo e inacreditável desinteresse pelo futuro do clube, furtando-se a assumir quaisquer responsabilidades.
Face ao exposto e se a transparência, honorabilidade e verdade são valores tão importantes para o António Gaspar, só resta apelar-lhe para que atue de acordo com esses princípios e apresente a sua demissão da Penafiel Verde, despartidarizando assim o clube e salvaguardando o superior interesse desta tão importante empresa municipal.
Leia, na íntegra, o comunicado emitido pela Câmara Municipal:
Sobre as notícias recentes que tentam envolver o Município de Penafiel num assunto relativo à vida interna do Futebol Clube de Penafiel – a mudança de SDUQ para SAD – a bem da verdade importa esclarecer o seguinte:
– O Futebol Clube de Penafiel é uma instituição com 67 anos que muito orgulha Penafiel e os Penafidelenses e a relação com a autarquia foi, é, e será sempre, institucional e de grande respeito pela sua autonomia interna e pelas decisões dos seus associados.
– A Câmara Municipal de Penafiel não tem maior ou menor envolvimento com o Futebol Clube de Penafiel do que tem com outros clubes e associações, a quem atribui um apoio anual para as camadas jovens ou de formação, de acordo com um contrato programa previamente estabelecido com regras claras e iguais para todos.
– O Município esclarece que o Estádio Municipal 25 de Abril, como a própria denominação o identifica, é municipal, pelo que as suas instalações são e vão continuar a ser propriedade do Município.
– Qualquer decisão tomada no âmbito de uma sociedade anónima desportiva (SAD) ou de uma Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), só ao Futebol Clube de Penafiel e aos seus associados diz respeito.
– A Autarquia e o seu Presidente acompanharão com atenção este e qualquer processo que diga respeito ao Futebol Clube de Penafiel, pelo facto de ser um clube histórico e marcante para o concelho.
– Rejeitamos, e lamentamos se tal vier a suceder, qualquer aproveitamento político, que só poderá ter origem em intenções de maledicência e maldizer.