Se eu tivesse votado nos Estados Unidos da América, o meu voto teria ido para Kamala Harris. Durante a campanha eleitoral isso, ou melhor, a vitória da democracia parecia-me possível mas… nada disso aconteceu! E foi assim: Trump, um homem arrogante, opressor, colérico, ditador e polémico, ganhou e é ele, surpreendentemente, o novo Presidente dos Estados Unidos!
Por isso, também por isso, não compreendo o povo que vota e que escolhe… Lá como cá, diz-se mal, acusa-se, diz-se o contrário daquilo que depois acontece…
Curiosamente, dois ou três dias depois da tomada de posse do novo Presidente, já há quem diga mal, já há quem queira defender o oposto do que defende o novo presidente eleito… É difícil compreender o povo que escolhe, que vota, que diz uma coisa hoje e que propõe outra, diferente, logo a seguir!
Foi polémico, o discurso de Trump na tomada de posse. Para quem o seguiu, atentamente, foi possível verificar que está ali um homem complicado, com a mania do poder, com uma ambição desmesurada… Pretendeu confirmar o início da deportação em massa de imigrantes ilegais e sinalizou planos de expansão territorial, que pareciam difíceis de concretizar… Para além do resto, tão duro, que foi possível ouvir!
Desta maneira, quase nada surpreendente, ficou consumado o regresso triunfal de Donald Trump à Casa Branca. Com maiorias republicanas no Senado e na Câmara dos Representantes, que se juntam a um Supremo Tribunal de maioria conservadora. Afirma Trump que esse dia, o da tomada de posse, foi um “dia de libertação” e o início de uma “era dourada dos EUA” e eu prefiro acrescentar que o mundo está louco, ou que eu não percebo mesmo nada do que está a acontecer no mundo… Se a imigração foi um dos temas mais importantes no discurso da segunda posse de Trump, o fim da cidadania para os filhos de estrangeiros em situação irregular, ainda que nascidos nos EUA, é, igualmente, uma das primeiras medidas duras, anunciadas. Foi isto o discurso do novo Presidente dos Estados Unidos: Trump II é mais ou menos igual ao Trump I, agora com mais poder! Porque, desta vez, as circunstâncias políticas lhe são muito mais favoráveis e porque, a meu ver, Trump está mais duro, mais doido que nunca! Faz ameaças à União Europeia, reafirma alianças com Xi e Putim e, mesmo mais velho e, naturalmente, com menos energia, tem o México e o Canadá na mira, a Crimeia, a Ucrânia, a Gronelândia e o Panamá e, de novo a Europa que fica aí no meio e que Trump continua a observar…
Claro que o trumpismo parece estar, como sempre esteve, cheio de contradições internas. De resto, sempre assim estiveram os movimentos populistas e autoritários e com Trump nada é diferente. Foi assim, ainda é assim Trump que continua a usar a sua força e a sua arrogância para se manter forte no poder. Por isso, prevejo, que este novo mandato traga perigos para o mundo, para a Europa, para Portugal também. Sei, sabemos todos que há enormes contradições internas no seu discurso, na sua actuação sobretudo mas, quase nada podemos fazer!
Se foi complicada a actuação de Trump no seu primeiro mandato, temo a segunda temporada que agora começa e não deixo de pensar no que terá acontecido com os seus eleitores, imensos, que já se mostram receosos em início de novo mandato. As primeiras reacções já serão de quase receio, de quase oposição face às primeiras medidas anunciadas por Trump… Então, em que ficamos? Com Trump, de novo cheio de poder, com mais poder, o mundo parece-me ainda mais ameaçador… Terei razão?