Saudade/Contra o medo… esperança!

Não olhem para o título e deixem um ar de cansaço: outra vez, livros? Pois, tem de ser, só assim me sinto feliz e mais motivada para a escrita e para a vida. Porque cada livro é sempre uma lição, cada livro que leio, bom ou menos bom, representou uma espécie de aula, longa ou curta, que ainda consigo reter. Depois, bem, esquecem-se algumas páginas mas aquelas que eu quis guardar estão sempre, de certeza, assinaladas a lápis nos espaços em branco de cada um dos livros que leio… Com mais de 500, 1000 páginas, algumas vezes…

E vou lendo, leio sempre, a lista ordena-se conforme o meu gosto, a minha escolha.

Um amigo especial, o meu pai, mais sábio do que eu, ensinou-me a ter uma biblioteca personalizada. Tento ser, acho que tenho sido fiel ao seu conselho… Nunca compro um livro sem antes ter decidido fazê-lo. Porque antes li ou ouvi uma crítica que esteve de acordo com as minhas preferências. E aceito as recomendações de quem soube, antes de mim, que eu o devia fazer… Porque, olhar indefinidamente as prateleiras de uma livraria, não é o caminho certo para a escolha. Terá de haver, sempre, um processo que nos guie ao trajecto certo que devemos seguir. Mesmo nesta quadra festiva em que a festa misturada com a comida, rouba o momento da escolha certa e, o que fica como oferta, nem sempre é o que mais queremos para dar e receber…

Nunca compro um livro decidida a não o ler. Na realidade, os livros que dou e/ou os que compro para mim, são páginas cheias de ideias que quero distribuir…

Como disse atrás, há livros que quero guardar na memória. São tantas as hipóteses de escolha, tantas as páginas que quero guardar que… comecei a seleccionar o que realmente me interessa… Deixei-me fascinar, hoje, pelas Biografias ou pelos Ensaios e, mesmo estes, merecem o meu cuidado de escolha. Camões, Sophia, Natália, Navalny, Pessoa, Saramago… tantos nomes que me deixaram mais rica em conhecimentos mas também, uma ou outra vez, algo desiludida. Porque confirmei ideias que guardava antes e porque descobri marcas, contrariada, que também me desagradaram… Como em “Memórias Minhas” de M. Alegre de quem nunca gostei a sério como homem e que sempre admirei como escritor. Aí, uma viagem fascinante pelos bastidores da história social, política e cultural do país mas… igualmente a vaidade, incontida às vezes, que sempre me desagradou observar…  Quase do mesmo modo, a longuíssima Biografia de Mário Soares de quem aqui já falei e que, depois da longa leitura, me desagradou, em diversos testemunhos…

Afinal, não somos todos tão bons como se tem tentado mostrar!

Também sei, assim teria de ser, estas como outras Biografias são obras que emergem sempre do passado para fazer entender o presente. Valem todas por isso… Mas tem de haver a oportunidade para saber escolher e, também por isso, hoje compreendo melhor o motivo porque há tantos livros com leituras interrompidas… Teria razão o meu pai?

Mesmo assim, continuarei a escolher e a comprar os livros que decido ler, sempre em papel. Por isso, sei também que, neste Natal, a enchente de pessoas que se atropela para as compras que deseja fazer, quase não entra nas livrarias para a selecção dos seus presentes… E já há, no Porto concretamente, mais duas ou três livrarias, outrora de sucesso, que vão fechar… Como também já descobri que muitas pessoas que se indignam (?) com esse facto, quase nunca compraram um livro… Qualquer livreiro, minimamente informado, aqueles que acumularam conhecimentos ao longo dos anos, sabem aconselhar… Sei também que a forma de consumir mudou e depois, comprar um livro rodeado de hortaliça num supermercado não faz sentido nenhum mas,mesmo assim, será sempre bom ler. E, por fim, sabe-me bem recordar que foi L. Borges quem se lembrou de chamar ao paraíso… “uma espécie de Biblioteca”, onde é sempre mais fácil aprender a descobrir…

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