Já passou algum tempo desde a divulgação do ranking das Escolas e, quase naturalmente, também se deixou de falar nisso… Talvez algum silêncio sobre o caso até ajude a menorizar a sua importância mas, parece-me, fico mais aliviada se deixar o registo da minha opinião. Que não se alterou, afinal, desde que a Comunicação Social começou a tratar o assunto. Alguém que até apoiei, dizia há dias, que a lista da suposta avaliação das Escolas tem a ver com “um modo provinciano de considerar a Educação…”. Não será tanto assim mas é, de certeza, dispensável, já que isso é uma via para considerar o Ensino como uma competição e, naturalmente, passa a ser inimiga de uma aprendizagem que se quer verdadeira. A ideia de “ranking” tem de ser combatida porque contraria o que se pretende, realmente, da Escola. Porque, mesmo que seja indispensável avaliar Alunos, Professores, Programas, Condições de acesso, e outros requisitos muito importantes, o que se tem mostrado como classificação das Escolas quase é, como diz Mário Nogueira, uma fraude. As condições reais nunca são as mesmas; o número de provas disponíveis para análise não é sequer equivalente; as condições de trabalho são diferentes entre o ensino Privado e Público e, à distância de alguns anos, posso garantir ter ajudado alunos aflitos, vindos do Privado, por não lhes ter sido leccionado o programa na íntegra! Refiro-me às minhas disciplinas, claro.
Eu queria continuar a defender a Escola Pública, quero poder dizer que é mais completa, mais isenta, mais justa, mais natural… Quase não posso! Hoje, parece-me, os professores estão menos motivados, menos empenhados e, muitos também, mal preparados. Deixou de haver uma indispensável articulação no Ensino e, erradamente, a competição está a prejudicar o processo de ensino-aprendizagem. Continuo a defender que o livro deve voltar à Escola e usado correctamente pelo Professor e alunos. Mesmo que um bom Professor nem precise de um manual, dependerá sempre das disciplinas e das matérias, naturalmente.
Hoje, cada vez mais, a Escola está divorciada da vida, está divorciada da imaginação… Reconheço que o Professor, no geral, está esmagado pela burocracia, tem cada vez menos tempo para se preparar… Lê muito pouco ou não lê, quase não estuda para depois ensinar. O Professor deverá ser sempre um orientador da aprendizagem e, mesmo que às vezes lhes custe, também terá de reconhecer o mérito dos alunos. De alguns alunos, sempre. O Professor, qualquer que ele seja, deverá ser sempre um facilitador da aprendizagem e terá de ser reconhecido como tal. Um bom Professor terá também de ser reconhecido na Escola, seja ela Pública ou Privada… Terá de ser cumpridor, metódico, acessível, terá de estimular ou de recuperar o interesse dos alunos.
Infelizmente, também começa a haver uma espécie de preconceito em relação a alguns alunos ou a algumas disciplinas, como a História, o Latim, ou Francês, por exemplo. Esquece-se que é indispensável a formação geral ou o papel dessas e outras disciplinas para a compreensão do trajecto da humanidade. Isso também traz consequências…
Não estou satisfeita com o modo como hoje, se está a ensinar. Reconheço que os entraves aumentam, que os professores estão contrariados, que os programas estão desajustados, que não é fácil trabalhar com as condições actuais… mas, tem de ser possível! E não pode continuar como está!
P.S. Para o Sérgio Silva! Foi mesmo na Esc. Sec. que começamos a trabalhar juntos… Aluno inteligente, perspicaz, diferente! Depois, na Política, novo trabalho… novas descobertas! Já tenho saudades… Até sempre, Sérgio!