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Há dias, o clube rotário de Penafiel decidiu homenagear um homem bom. Um profissional bom.

Os rotários de Penafiel são também eles um punhado de homens bons que se encontram, não para conspirar sobre interesses pessoais ou grupais, mas para congeminar formas de ajudar os outros. Normalmente, com a maior discrição. Têm como lema dar de si antes de pensar em si.

Por vezes, também se reúnem para reconhecerem publicamente aqueles que, como profissionais, se destacaram na comunidade. Foi o que fizeram, por estes dias, com o Dr. Almiro Óscar Mateus. Tive a felicidade de estar presente, como convidado.

Quando me dirigia para a sessão, pensava em como havia homens, cada vez mais raros, que deixam uma pegada bem vincada na sua jornada de vida. Homens que caminham pela vida, em vez de deixarem que ela passe por eles. Dos primeiros, há os que deixam pegadas materiais nos seus territórios; outros veem a sua marca perdurar pelas ideias, criações ou pensamentos; outros ainda pelos fortes sentimentos que gravam no coração das pessoas.

É por isso que, para mim, o Dr. Almiro Mateus é um homem raro. Um médico de missão, sempre disponível, que sabe que a cura do corpo precisa muitas vezes de começar por uma alma sarada das suas feridas. E que um placebo, um afeto e boas palavras, muitas vezes no seu vernáculo peculiar, são o remédio mais eficaz. Talvez por isso alguns lhe chamem carinhosamente de bruxo.

A generosidade está-lhe no ADN. Em novo, cruzou fronteiras para cumprir o juramento de Hipócrates em país necessitados; ao seguir, assentou praça em Penafiel, onde granjeou uma legião de pacientes e amigos, e se dedicou, desinteressadamente e com paixão, a várias causas públicas; no outono da vida, já reformado, acrescenta quilómetros, como voluntário, para dar consultas em terras de pobres que precisam de um bom curador de corpos e de almas.

Dos mais ricos aos mais pobres, no norte ao sul do concelho, dos mais letrados ou menos instruídos, dos da esquerda, do centro ou da direita política, o Dr. Mateus espalha afetos e amizades, e ganha corações.

Na cozinha, tal como em tudo o que faz na vida, é um intenso apaixonado. Com o avental ou como comensal. Desde que não lhe falte a navalha, com que, como bom transmontano de nascença, disseca um naco de carne. Ou o que vier ao prato. Desde que acompanhado de um macio e intenso tinto verde. Ou de outras castas, se forem do agrado.

Fez bem o clube rotário de Penafiel em juntar os seus membros, convidar alguns amigos e lembrar os feitos de um homem bom. Há momentos em que quem dá tanto de si também aprecia que os outros pensem em si. Nem que seja para retribuir pouco do muito já deu. Como é o caso do Dr. Mateus.

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