O sonho tornou-se realidade e depois de 30 anos a viver em barracas, as 22 famílias da comunidade cigana instalada no centro da cidade de Paredes estão de mudanças para casas novas, que foram construídas pela autarquia.
“Só agora é que acredito que temos uma casa nova com melhores condições, com quartinhos para os meus filhos”, disse ao Jornal IMEDIATO Alice Santos, de 37 anos, que vivia nas barracas desde que nasceu e agora está nas mudanças para a casa que vai habitar com o marido Artur Vasconcelos e os seus seis filhos.

A única casa que tiveram foi nas barracas situadas no acampamento no coração da cidade, a pouco mais de 50 metros do edifício da Câmara. “Estávamos habituados às barracas, que não tinham condições. Mas agora vamos ter uma vida muito melhor”, acrescentou Artur Vasconcelos, de 43 anos.
Também Ludovina Machado, de 33 anos e mãe de três filhos, está “feliz” com a mudança. “Era um sonho que agora vemos concretizado. Acreditamos quando nos disseram que iam fazer isto, mas agora estamos muito contentes porque é realidade”, salientou, satisfeita pela oportunidade de ver os seus filhos crescer com condições de vida que nunca teve durante os 17 anos que viveu nas barracas.
Entre as 22 famílias que estão de mudança, está também Teresa Valente, de 29 anos, que desde os seis anos vivia nas barracas. “Na barraca só tinha duas divisões e eu e o meu homem dormíamos com dois dos meus quatro filhos. Mas agora já tenho um quarto para as meninas, outro para os meninos e um para nós”, explicou.
A barraca, diz, não vai deixar saudades. “Era muito difícil morar ali. O caminho está sempre cheio de lama, os meninos sujam-se todos. Para além do frio no inverno e do calor no verão”, assegurou.
Agora, o sonho tornou-se realidade e acabaram-se as desconfianças. “Nunca acreditava que isto fosse acontecer. Mesmo quando estavam a construir, achávamos que não era para nós. Mas agora estamos convencidos, é mesmo verdade. Foi muito bom chegar a este dia”, concluiu a mulher.
Resolvido problema com cerca de três décadas
O novo empreendimento social no qual se está a instalar a comunidade cigana é, segundo Alexandre Almeida, presidente da Câmara Municipal de Paredes, “o culminar de um processo que se arrasta há décadas” e que vem pôr um ponto final a um problema “de falta de condições de habitabilidade e de salubridade”.
Depois de todas as famílias alojadas, a Câmara Municipal de Paredes vai proceder à demolição das barracas, para que no local sejam construídas habitações para arrendamento acessível.
O projeto, representou um investimento de quatro milhões de euros – um milhão de euros para a aquisição dos terrenos e três milhões para a construção do edificado – e as rendas vão variar entre os 50 e os 250 euros, valor estabelecido com base no rendimento do agregado familiar.
