Nada se perde, tudo se transforma. A frase é do químico francês Antoine-Laurent de Lavoisier, mas pode ser perfeitamente adaptada à forma como os portugueses redefiniram e revolucionaram (perdoem-nos o exagero da palavra) a sua vida sexual durante a pandemia.
Exemplo acabado do que acabamos de referir foi o aumento expressivo da venda de brinquedos eróticos em Portugal e no mundo.
Mercado Global valorizado em 33,64 mil milhões de dólares
Começando por além-fronteiras, um relatório do Grand View Research faz notar que, em 2020, o mercado dos brinquedos eróticos valorizou-se em 33,64 mil milhões de dólares e parece não vir a mostrar sinais de abrandamento dado que se, entre 2021 e 2028, o estudo prevê uma taxa de crescimento de 8,04%.
Ainda num plano global, um outro relatório da autoria da empresa de marketing research Technavio, antecipa que o mercado global de brinquedos sexuais deve crescer 9,83 mil milhões de dólares americanos até 2024.
Neste retângulo à beira-mar plantado, os bons ventos para este mercado também se fizeram sentir. Apesar de não existirem dados concretos, os vários relatos vindos de profissionais do setor apontam que as vendas destes produtos cresceram, entre 2019 e 2020, na ordem dos 600%, um número em muito capitalizado pela maior taxa de penetração destes brinquedos sexuais entre as mulheres.
Um desses profissionais é Pedro Correia, CEO da sex shop online – Vibrolandia, que a respeito deste crescimento nos diz que “durante a pandemia, o mercado erótico teve a oportunidade de se reinventar, transitar para o online ou reforçar a sua presença neste canal. As redes sociais adultas aumentaram em número de seguidores e oferta, como o Only Fans e conteúdos pagos semelhantes. Os casais em confinamento tiveram de reacender a chama da sua relação, e tudo isto contribuiu para o mercado erótico se manter ativo”.
Este “reacender da chama” a que se junta o muito tempo disponível que as pessoas tiveram para pesquisar e informarem-se sobre a forma de como os sex toys podem melhorar a sua vida, seja fazendo parte de um casal ou estando a sós foram, na opinião de Pedro Correia, um dos fatores que mais contribuíram para este aumento expressivo, mas não o único.
Destaca ainda o responsável da Vibrolandia que “o facto de não ser seguro ter encontros ocasionais ou de curta duração provocou também uma maior procura de sex toys”, bem como o extraordinário contributo do sexo feminino que, livre das marras conservadoras e dos tabus que uma sociedade patriarcal lhe impôs na relação com o seu corpo e com o prazer sexual.
Isto acabou, ao continuarmos a olhar a questão do aumento da venda de sex toys pelo prisma feminino que, na Vibrolandia, provocou uma maior procura e compra de vibradores de última geração como os “teledildonicos e os sugadores de clitóris”.
Às explicações que já demos sobre o aumento do consumo de sex toys em Portugal e, por extensão, no mundo, há ainda a assinalar a entrada no setor de caras conhecidas do grande público, como sejam o caso das atrizes Cara Delevingne e Dakota Johnson.
Se a primeira decidiu apostar na criação e lançamento da Lora DiCarlo, a segunda escolheu investir na Maude, empresa ligada ao “bem-estar e saúde sexual” da qual agora é sócia. Aliás, o papel de Dakota Johnson nesta democratização do prazer sexual já vem de 2015, altura em que protagonizou o filme “Fifty Shades of Grey”, tido como um dos responsáveis pela abertura dos sex toys ao grande público e, em particular, às mulheres.
Comprar vibradores nunca foi tão simples
Se a todos os fatores já enumerados juntarmos o papel do online e das redes sociais, temos um caldo de cultura que propiciou este boom na venda online de sex toys, como faz questão de sublinhar Pedro Correia:
“O mercado erótico teve a oportunidade de se reinventar, transitar para o online ou reforçar a sua presença neste canal”.
Uma reinvenção que passou, igualmente, pelo aumento das ofertas que redes sociais adultas, como o Only Fans e conteúdos pagos semelhantes, disponibilizaram e que acabaram por resultar num expressivo aumento no seu número de seguidores.
Apesar das sex shop com loja em Lisboa – Vibrolandia já estarem abertas ao público, Pedro Correia sublinha o importante papel do online e da social media em ajudar a empresa não só a conquistar novos clientes, mas também a que estes “tomassem conhecimento do site e dos produtos, e para que conseguissem ter um maior e mais próximo apoio ao cliente”.
Isto significou, por exemplo, a abertura de um novo serviço de entrega na área metropolitana de Lisboa para os clientes das lojas físicas possam ter o mesmo prazo de resposta como se fossem a uma loja física.
“Parte dos clientes habituais aumentaram a frequência e quantidade de encomendas, especialmente aqueles que estão em teletrabalho”, frisa o responsável antes de concluir que “toda a gente tem um smartphone, e isso encurta a distância social e física”.