Cinco reclusos do Estabelecimento Prisional (EP) de Paços de Ferreira começaram a ser julgados no Tribunal de Penafiel, por terem esfaqueado um outro preso, após uma discussão, em maio de 2019. No arranque do julgamento, apenas um dos cinco arguidos quis prestar declarações. “Não tenho nada a ver com o assunto”, disse ao Tribunal, António Ferreira, negando ter participado na agressão que acabou com Francisco Oliveira esfaqueado no interior da sua cela.
Os factos remontam ao dia 4 de maio de 2019 e, segundo a acusação a que o Jornal IMEDIATO teve acesso, terão sido originados por uma discussão entre um recluso e o arguido Ricardo Tavares, no interior de uma casa de banho no EP, na qual interveio Francisco Oliveira, também recluso.
Nesse mesmo dia e para vingar a intervenção de Francisco Oliveira na discussão, Ricardo Tavares dirigiu-se à cela do colega onde, com uma faca artesanal, lhe desferiu vários golpes. Contou com a ajuda de outros quatro reclusos: dois deles – António Ferreira e Ricardo Teles entraram na cela para ajudar nas agressões, enquanto Eduardo Silva e Nelson Almeida se mantiveram no exterior de vigia e impedindo que outros reclusos fosses em auxílio da vítima.
Com a ajuda de um colchão, que usou como escudo para se defender enquanto era agredido, Francisco Oliveira conseguiu sair da cela e pedir ajuda aos guardas prisionais.
Na primeira sessão do julgamento, foi ouvido António Ferreira que negou o seu envolvimento na agressão. Disse ainda que após a discussão na casa de banho, Francisco Rodrigues foi procurar Ricardo Tavares e “deu-lhe duas chapadas”, mas que o agredido não reagiu.
Negou ainda que estivesse presente na agressão que ocorreu na cela de Francisco Oliveira, situada no rés-do-chão. “Antes de ir para a minha cela ouvi muita confusão, muita gente à volta da cela do Francisco. Mas fiquei no gradão do primeiro piso a ver o que se passava”, declarou, acrescentando que apenas soube do envolvimento de Ricardo Tavares na discussão, quando o seu parceiro de cela foi levado pelos guardas.
Também foi ouvido Francisco Oliveira, que foi transferido da prisão de Paços de Ferreira em 2020. Disse que conhecia os arguidos, mas que não convivia com eles. Recordou o dia em que o seu parceiro de cela foi agredido por Ricardo Tavares e que foi em seu socorro “para tentar desapartar”. Diz que o arguido o tentou agredir, mas que se defendeu, “empurrando-o para trás”.
“Aquilo ficou por ali. Vim-me embora para o meu quarto, mas eles reuniram-se e premeditaram tudo”, referiu, acrescentando que foi surpreendido por Ricardo Tavares, que se encontrava sozinho num primeiro momento e que o tentou esfaquear no pescoço. “Fiquei em pânico, recuei e fui para dentro da cela e aí desferiu-me várias facadas”. “Nunca tinha tido nada com ele. nunca tínhamos falado”, concluiu.