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Capacitar e colaborar é o futuro das empresas de Paços de Ferreira

Plano estrategico PFR

A Câmara Municipal de Paços de Ferreira apresentou, no passado dia 19 de setembro, o caminho que quer seguir nos próximos 10 anos, com vista ao desenvolvimento do tecido empresarial local. O Plano Estratégico Municipal 2020/30, que foi apresentado no Museu do Municipal do Móvel, assenta em dois pontos chave: a capacitação e a colaboração.

O caminho a seguir pelas empresas do setor do mobiliário e pelos poderes políticos, com vista à internacionalização, passa por uma maior capacitação das mesmas, que lhe permita criar valor acrescentando e abranger mercados até agora não explorados. A isto, tem que se juntar uma maior cooperação entre as empresas, as entidades do setor e poderes políticos.

Estas são as conclusões do Plano Estratégico Municipal 2020/30, que foi desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa, e envolveu a Câmara Municipal de Paços de Ferreira, a Moveltex, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira e vários empresários locais.

Segundo este plano, que pretende guiar as empresas nos próximos dez anos, o setor do mobiliário “constitui a aposta estratégica de Paços de Ferreira para dinamizar o desenvolvimento económico-social do município no horizonte 2020/2030”.

Assim, defende que é preciso apostar “no desenvolvimento de produtos de maior valor acrescentado, por incorporação de tecnologia, design e materiais mais amigos do ambiente”, que tragam diferenciação do setor e uma “melhoria da produtividade das empresas”.

O caminho passa ainda pela entrada em novos mercados, através “adoção de estratégias colaborativas para desenvolver novos modelos de negócio e modo de entrada em novas geografias”. Neste processo, a cooperação entre entidades, é fundamental, assim como a “adesão dos empresários” ao Plano Estratégico.

“Primeiro passo para um caminho”

Segundo Margarida Ramalho, coordenadora do estudo e diretora executiva da Católica International Business Plataform, este plano é o “primeiro passo para um caminho”, que terá agora que ser trilhado pelas empresas e pelas associações e entidades, para que haja “um trabalho em redes e uma capacitação dos empresários”. “A âncora deste plano estratégico é criar mais valor. Paços de Ferreira tem uma posição de liderança no setor a nível nacional”; referiu.

O Plano Estratégico Municipal 2020/30 assenta em dois eixos – a capacitação e a colaboração – e engloba sete projetos, quatro de capacitação coletiva e três de colaboração (através da Moveltex, Associação Empresarial e Câmara Municipal). “Agora têm de traçar planos claros com objetivos concretos em linha com estas ideias”, frisou a coordenadora, acrescentando que “para isto ser bem-sucedido, é preciso que os empresários se envolvam. Se as empresas não aderirem, isto não avança”.

No âmbito da capacitação, surge o Centro Tecnológico, o Centro de Formação e Academia, o Centro de Business Inteligence e o Centro de Exposições e Parque Temático. No âmbito destes projetos, o plano defende a criação de mão de obra qualificada e de cursos adaptados às necessidades do setor.

Ao nível da colaboração, terão que ser dinamizadas parcerias estratégicas (função que caberá à Moveltex), assim como do tecido empresarial (a cargo da Associação Empresarial). A autarquia assumirá a dinamização da sustentabilidade ambiental, através da criação de infraestruturas, do reforço das redes de gestão e transporte de resíduos, assim como de promover o setor e captar mão-de-obra.

A Associação Empresarial de Paços de Ferreira é uma das entidades envolvidas no Plano. Na apresentação do mesmo, Samuel Santiago, presidente da instituição, ressalvou as mais valias do concelho de Paços de Ferreira, que tem cerca de 4 mil empresas, que empregam 34 mil trabalhadores. “Em Paços de Ferreira, as indústrias de mobiliário e vestuário representam 75% do volume de negócios”, explicou, acrescentando que o concelho “é o que gera mais volume de negócios neste cluster [mobiliário] com cerca de 300 empresas industriais e 450 ligadas ao comércio de mobiliário”.

Por isso, defende, “é preciso transferência de conhecimento para melhorar a competitividade e os processos criativos” das empresas, integrando “novas tecnologias para responder aos desafios, produtos com inovação tecnológica, design e sustentabilidade e é preciso cooperação e uma comunicação diferenciadora que promova o setor lá fora. Só trabalhando em conjunto, partilhando know-how e participando ativamente conseguiremos melhores resultados”, concluiu.

Plano indica caminhos a seguir

Para o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Humberto Brito, este plano “aponta caminhos”, para um concelho que é líder nacional de produção de mobiliário”. “Assumimos essa responsabilidade enquanto líderes deste setor de avançarmos através das políticas públicas com um conjunto de ações concretas para melhorar a capacidade e aumentar as respostas que estas necessitam”, frisou.

Recordando o projeto do Centro Tecnológico, que tem já financiamento e vai representar um investimento de mais de cinco milhões de euros, Humberto Brito garante que “não vai apenas servir as empresas de Paços de Ferreira, mas do país, não apenas a fileira do mobiliário, mas a fileira da madeira e do mobiliário” e que querem avançar com o projeto “rapidamente”, assim como com o da Academia Profissional, por entender que “dada a necessidade de mão-de-obra e da formação dos profissionais, o município deve apoiar a formação, trazer pessoas de fora do próprio país, e, por isso, tivemos recentemente em Cabo Verde, de forma a conseguirmos acolher nas nossas empresas para responder às necessidades de mão-de-obra não apenas do setor do mobiliário, mas de outros setores”, referiu.

O autarca referiu ainda a necessidade de diversificar mercados e investir em novos nichos. “O plano estratégico aponta caminhos, o centro de análise de mercados, que aponta para a necessidade de diversificar aquilo que são os nossos mercados tradicionais (Espanha, França e Alemanha) que representam mais de 60% das exportações deste mercado mobiliário. Há mercados como os Estados Unidos, a América do Sul, que são fundamentais, mas não podemos entrar nestes mercados de olhos fechados e teremos de nos preparar para entrar. Estamos a falar de ações concretas”, concluiu.

 

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