A Câmara Municipal de Paredes colocou dois sem-abrigo a viver numa loja do antigo mercado municipal de Lordelo, num espaço exíguo, sem eletricidade e casa de banho. A situação, que seria provisória por um mês, já se arrasta há quatro e os moradores pedem urgentemente a casa que lhes foi prometida pela autarquia.
Paulo Ferreira e Nuno Sousa, de 57 e 47 anos, estão a viver há quatro meses numa pequena loja do antigo mercado municipal. Naturais de Lordelo, viveram oito meses em tendas no Parque do Rio Ferreira, em Lordelo, até serem mudados pela autarquia para um espaço de uma antiga loja no mercado, sem eletricidade ou casa de banho. “A Câmara disse que isto seria uma situação para um mês, que nos iam arranjar uma casa pré-fabricada para morarmos. Mas até agora ainda nada”, contou Paulo Ferreira.
A divisão que partilham, tem dois beliches, uma mesa, prateleiras na parede onde guardam a roupa e o espaço não chega para muito mais. “Mudamos de uma barraca para outra, mas pelo menos a que tínhamos antes era mais saudável porque vivíamos ao ar livre e tínhamos um ribeiro para tomar banho. Agora temos que tomar banho numa bacia, no meio do passeio”, lamentou Nuno Sousa, “revoltado” porque “a Câmara não cumpriu com o que nos prometeu”.
Os dois homens – que perderam tudo, inclusive as famílias, devido ao vício da droga que os atirou para as ruas há vários anos e que, garantem, já abandonaram –, vivem da boa vontade das pessoas e dos vizinhos do mercado, que lhes dão dinheiro e comida. Só Paulo Ferreira tem uma pequena pensão que, assegura, “não chega para viver”. “Somos pobres, mas não fazemos mal a ninguém e as pessoas são nossas amigas. Ajudam-nos e nós ajudamo-las quando nos pedem”, referiu Nuno Sousa.
Com esperança em dias melhores, os dois homens só pedem “condições dignas” para viver. “Só queremos um sítio com luz e casa de banho, é só o que pedimos. Até estávamos bem aqui, porque temos um teto, mas falta pelo menos isso”, concluiu Paulo Ferreira.
Contactada pelo Jornal IMEDIATO, a Câmara Municipal de Paredes confirmou a retirada dos dois homens da “barraca improvisada com plásticos” onde viviam “sem as mínimas condições”, a quem providenciaram “um alojamento temporário” na referida loja, devido à “escassez de habitações”. Refere ainda que lhes foi “assegurado refeições, higiene pessoal, banhos, bem como acompanhamento social de proximidade por parte de um técnico gestor de processo na área social, na saúde e toxicodependência”, sendo os mesmos acompanhados pelo Centro de Respostas Integradas, devido às duas dependências.
A autarquia acrescenta ainda que já propôs aos dois homens a integração numa Casa de Emergência Social, “o que recusaram, alegando não que pretendiam sair da localidade”.