Um magnífico texto se seguia a este título. Não vou transcrevê-lo uma vez que está disponível para quem o quiser consultar e aproveitar para ver as fantásticas fotografias que o ilustram.
E eu também sou mais de partir-pedra que de poemas, mesmo que escritos no chão.
E volto ao partir-pedra… já não é a primeira vez que escrevo sobre a calçada portuguesa em Penafiel.
Penafiel é uma terra de calceteiros…. Temos até um que é, também por outros motivos, figura com notoriedade nacional… Mas quem nos governa, neste Município, não aprecia a calçada portuguesa.
Em tempos, ainda não muito distantes, foi uma razia… quem nos governava na altura ficou encantado com essas grandes lajes de granito que, dizem, não sei se más-línguas, vieram da India. Não há como valorizar o que vem de países exóticos e deixar cair o que nos é próximo… Não quis a Edilidade Municipal encontrar um compromisso entre a antiga calçada portuguesa que tínhamos e a atratividade daquilo que vem lá de longe.
“Penafiel é uma terra de calceteiros…. Temos até um que é, também por outros motivos, figura com notoriedade nacional… Mas quem nos governa, neste Município, não aprecia a calçada portuguesa”
Em Penafiel, escapou, por milagre, uma “chisca” ali em frente ao Tribunal… uma outra “chisca” ali na Praça do Município… Na Praça do Município nem sei como tal… como escapou. Em frente ao Tribunal deve ter escapado pela dimensão do espaço… deveria ficar caro a remoção e repavimentação. Nesse período Penafiel perdeu muito da sua alma ao perder esse chão-poesia. Agora tudo é igual… sem despertar qualquer curiosidade (salvo pela degradação que é já bem visível… e a sujidade, naturalmente), sem acrescentar nada à cultura individual e/ou coletiva.
Penafiel esteve sempre muito exposta a estes temperamentos impulsivos (não sei se é bem o termo mas também não encontro outro que me pareça mais adequado). Fruto de um temperamento impulsivo perdemos a antiga Praceta da Alegria (praça/mercado), um Mercado-poema… a troca pelo que temos, quando lembrada, é uma dor de alma…
A imensa alameda de árvores antigas que tínhamos ali ao fundo da Rua da Saudade desapareceu, a Alameda-poema, sem qualquer dó ou piedade… mais um impulso intempestivo e ganhamos aquilo que ali vemos… Uma via com duas faixas de rodagem em cada sentido (não demorará a perder uma, de um dos lados, para crescer a ciclovia para uns quantos usarem, mesmo que nunca estejam satisfeitos com o que para eles é construído, com orçamentos de milhões).
Lá ao fundo da Aveleda, mesmo a chegar a Paredes… mais um temperamento impulsivo… e dezenas de antigos plátanos, memória de gerações, gerações-poema, desapareceram para dar lugar a uma paisagem árida, sem o que quer que seja que se “agarre” à memória das atuais gerações.
Claro que fomos nós que elegemos estes autarcas… temos de aguentar. Muitos de nós com indiferença, outros tantos com dor… mas nada podendo fazer.
E uma parte deste impulsos chegaram de pessoas perfeitamente insuspeitas… de quem, alguns, esperariam muito mais (nestes casos… muito menos).
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