O Núcleo do Bloco de Esquerda de Lousada iniciou um ciclo de debates online sobre os problemas da atualidade. Na primeira sessão, foi abordado “O mau ‘Estado’ da Cultura” e a estratégia nacional para a área, bem como o seu papel nesta fase “crucial da Humanidade” e a necessidade de uma “reforma educativa”.
No primeiro debate foram ouvidos quatro cidadãos ligados à área da cultura, que deixaram várias críticas à situação atual das artes e da falta de apoios do Governo aos artistas nesta fase pandémica.
Marta Moreira, professora do ensino artístico especializado e uma das intervenientes no debate, realçou o valor da cultura, “nomeadamente o grande papel que desempenha na resistência e o perigo”, mas não concorda com a atitude do Estado relativamente ao setor.
“Eu vejo a atitude do Estado com um certo cinismo para com a cultura. É muito mais fácil, acho eu, nós vivermos numa sociedade em que as pessoas não têm o mesmo sentido crítico, o mesmo sentido do belo, a mesma capacidade de questionar, do que o contrário. Eu vejo aqui nuances, de certa forma, deliberadas”, considerou.
A artista afirma que “enquanto não exigirmos coletivamente um Orçamento de Estado digno e aquilo que outros setores vão ter da União Europeia, enquanto não tivermos estas duas coisas não poderemos partir para outras soluções”.
Artistas preocupados com o futuro da cultura
Rui Reis, músico e professor, denota estar preocupado com o futuro das bandas filarmónicas, ranchos folclóricos, coros e grupos de cavaquinhos. Defendeu também que são necessárias reformas educativas, para que o ensino das disciplinas relacionadas com a arte e cultura sejam valorizadas.
Pedro Tavares, presidente da associação musical LSD Bookings, realça que “a cultura não são só os artistas em palco, a maior parte das pessoas envolvidas ninguém as vê, (…), temos que lutar por melhores apoios e apoios muito concretos para a cultura e fazer uma restruturação séria daquilo que é o futuro da cultura em Portugal e no mundo”.
Já o ator Luíz Oliveira vincou a quantidade de profissionais apenas no mundo do teatro – são 130 mil, desde técnicos de som e luz a atores – que contribuem “para a felicidade de um país, para a sensibilidade”, algo que considera essencial.
“Para que um povo seja melhor as artes e a cultura em geral tornam o ser humano mais atento e sensível”, rematou o ator.
O moderador do debate, Gerson Moura, anunciou que durante este mês decorrerá mais uma sessão do partido para debater sobre a atualidade nacional e local, através da plataforma Zoom. Reveja o primeiro debate aqui.
Artigo editado por Ricardo Rodrigues.