Quase um ano volvido desde o surgimento dos primeiros casos de covid-19 no país, é inegável o impacto prejudicial que a pandemia tem tido na população, tanto através das consequências económicas advindas das medidas restritivas para conter a progressão da covid-19, tanto a nível psicológico.
Segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que o IMEDIATO analisou, os concelhos de Paços de Ferreira, Penafiel, Paredes e Lousada registavam, em dezembro do ano passado, 10.197 cidadãos em situação de desemprego, um aumento de 22,91% comparativamente ao período homólogo de 2019 (8.296).
Se, desde o ano de 2019 a região seguia uma clara linha de diminuição da população desempregada, em março houve um “travão na bonança”. No mês em que aconteceu o primeiro confinamento, houve subida de 8,18%, seguida por um novo aumento de 11,21% em abril, ultrapassando os 10.000.
Mas, medidas como o isolamento de lares, o encerramento de centros de dia e a implementação de confinamentos também causaram um sentimento de isolamento na população, nomeadamente os mais idosos, e aumentou a sua vulnerabilidade.
Famílias infetadas ficaram impedidas de realizar as tarefas mais básicas do dia-a-dia, como ir às compras, ir à farmácia e comprar medicamentos ou até levar o lixo ao contentor. E a vulnerabilidade nunca vem sozinha, trazendo severos impactos psicológicos à população.
Assim, as autarquias da região reforçaram a sua ação na área social, implementando mais medidas de apoio à população infetada e vulnerável, criando ainda formas de ajudar as autoridades de saúde a combater o progresso da pandemia ou, simplesmente disponibilizando uma voz amiga do outro lado do telefone.
Apoio a infetados e combate à pandemia marcam agenda social em Paços de Ferreira
Questionada pelo IMEDIATO, a Câmara Municipal de Paços de Ferreira adiantou que dedicou, no ano transato, uma verba de cerca de 187.000€ à Ação Social. Para este ano está previsto no Orçamento Municipal um valor similar, com o acréscimo de 120.000 € para a criação de um fundo de emergência de apoio às IPSS do concelho, disponível em caso de necessidade.
As famílias pacenses mais vulneráveis contam, assim, com apoios nas despesas domésticas, no pagamento da renda, com a disponibilização de ajuda alimentar e medicamentosa. Também o IMI foi diminuído para a taxa mínima e, em famílias numerosas, acontece um desconto adicional do imposto. Na época natalícia, foram ainda distribuídos cerca de 1.300 cabazes compostos por bens alimentares a famílias afetadas pela pandemia de covid-19,
E, pensando no “peso” que vários meses de isolamento e medidas restritivas tem tido na saúde mental dos cidadãos, a autarquia desenvolveu ainda uma Linha de Apoio Psicológico, “que funciona de forma confidencial e anónima para minimizar os efeitos da ansiedade e isolamento causados pela pandemia”, bem como um serviço de teleassistência, pensado para a população idosa.
“Os idosos estão em contato permanente com uma linha telefónica de apoio. Este mesmo botão pode ser ainda acionado em caso de emergência, por exemplo doença súbita ou acidente, garantindo assim uma maior segurança aos idosos que se encontrem sozinhos em sua casa”, adiantou a Câmara Municipal.
Contudo, num dos concelhos que chegou a registar a maior incidência cumulativa de casos de covid- 19, também foram estabelecidas medidas pensadas exclusivamente para aqueles afetados diretamente pela pandemia, infetados e pessoas em isolamento profilático, nomeadamente através da Linha de Solidariedade Municipal.
Para as famílias “fechadas em casa” foi disponibilizado um serviço gratuito de recolha domiciliária de lixo, bem como um serviço de teleassistência, alargado também a doentes crónicos e pessoas com deficiência.
Também a Equipa Multidisciplinar de Acompanhamento (EMA), que funciona na Câmara Municipal, está a apoiar as autoridades de saúde desde o momento mais crítico no concelho, ao contactar cidadãos infetados com covid-19.
Agora, a equipa “fez formação para prestar auxílio no rastreio e identificação de casos de alto risco, de modo a evitar-se um agravamento de casos, situação que era até agora apenas da responsabilidade da saúde pública”, informou a autarquia.
Apoios na área social em Penafiel mais do que duplicaram
Já o município de Penafiel mais do que duplicou a verba dedicada à ação social no ano passado, comparativamente aos anos de 2018 e 2019. Em 2020, os montantes relativos às medidas de apoio social, bem como as despesas com pessoal afeto à Divisão de Assuntos Sociais, Inclusão e Saúde, foi de 1.051.207,56 euros. Em 2019, esta verba foi de menos de metade – 491.230,67€ – e em 2018 de um pouco mais do que a metade – 524.845,81 euros.
Este aumento na verba disponibilizada do Orçamento Municipal para a área social deve-se essencialmente aos vários apoios que o município atribuiu às famílias penafidelenses que foram mais afetadas pela pandemia.
Os apoios disponíveis são vários e inserem-se no Plano Municipal Solidário, um relevante instrumento de apoio aos munícipes mais fragilizados, que teve que ser reforçado em tempos de pandemia.
“Foram assim, concretizadas medidas de apoio social que são um auxílio fundamental a famílias e idosos, permitindo-lhes o acesso a bens essenciais que, sem estes apoios, dificilmente seriam alcançáveis”, afirma a autarquia.
Além de apoios como “Penafiel Habita”, de ajuda ao arrendamento e ao pagamento de energia, Penafiel Família e Penafiel Repara, para pequenas reparações domésticas, a autarquia apoiou ainda várias famílias aplicando tarifas sociais para a água e saneamento a famílias afetadas pela covid-19, bem a indivíduos e/ou agregados familiares com quebra temporária dos rendimentos devido à pandemia, apoios estes da responsabilidade da Penafiel Verde.
Com o agravamento da pandemia e da condição de pessoas, aumentou assim o número de pessoas a solicitar apoio. Durante a pandemia de março a dezembro, a ajuda chegou a 4.779 munícipes, para um total de 5.292 penafidelenses apoiados no ano de 2020.
No ano de 2020, é visível o aumento do número de pedidos de apoio. Em 2019, a autarquia registou 4.188, número que em 2018 se situou nos 3.610.
Mais apoios em pandemia
A pandemia obrigou a Câmara Municipal de Penafiel a reforçar os apoios atribuídos aos mais fragilizados.
Foi, assim, realizado um reforço financeiro de 500 mil euros ao Plano Municipal Solidário e criada a COVID 19 “UBER”, uma rede de apoio social de Emergência, que apoiou 3.779 munícipes, constituída por técnicos do município, IPSS´s e Juntas de Freguesia, que tem como objetivo apoiar, de forma imediata, idosos, famílias com pessoas com deficiência, doentes crónicos, oncológicos e famílias a quem que seja imposto o isolamento profilático, sem retaguarda familiar e ou institucional, na entrega de alimentos e medicação, garantindo desta forma, o seu distanciamento social como medida de prevenção.
Estes apoios, dedicados a agregados familiares que apresentem um rendimento per capita igual ou inferior a 200€ mensais e que sofreram quebra de rendimentos, devido à pandemia, e aqueles que foram atingidos pela doença, foram traduzidos em ajudas para pagar as contas de eletricidade, água, saneamento e medicação, assim como em apoio alimentar.
Contemplou ainda a suspensão, imediata de cortes de fornecimento de água e saneamento e o pagamento faseado de faturas, assim como a aplicação da tarifa social de água e saneamento.
Ainda no âmbito da Rede solidária COVID 19 “UBER”, foram criadas aulas on-line de exercício físico, de gestão do dia a dia em casa e de culinária, para apoiar as famílias em quarentena e isolamento social e disponibilizados livros e jogos on line.
Contudo, esta rede não apoiou só as famílias. Apoiou ainda as IPSS´s e Equipas de Apoio da REDE SOLIDÁRIA COVID 19 – UBER, na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual para as suas Equipas de trabalho e criou uma linha financeira excecional de 750 euros mensais para as IPSS´s, para fazer face às despesas extraordinárias no âmbito do estado de emergência e que integrem a Rede Solidária COVID 19
– UBER, enquanto a rede de apoio se mantiver. Houve ainda um acompanhamento de proximidade a todos os idosos georreferenciados pelo programa “Censos Sénior” da GNR e criada uma linha de apoio
psicológico para apoio às famílias.
A autarquia distribuiu ainda em todas as habitações um kit de 3 máscaras sociais, adquiriu 750 tablets para alunos de ensino básico, carenciados e sem equipamentos informáticos e distribuiu 1600 apoios alimentares por semana, aos alunos do pré escolar e 1º CEB, com escalão A, entre 14 abril e 26 de junho.
No próximo ano de 2021, o montante previsto no Orçamento para 2021, no que respeita às medidas de apoio social já implementadas, bem como as despesas com pessoal afeto à Divisão de Assuntos Sociais, Inclusão e Saúde, é de 850.000€