A reunião magna dos associados do FC Paços de Ferreira acabou por confirmar a expetativa de trazer à baila o atual último lugar da equipa na I Liga. As contas da época finda foram aprovadas com 98 votos contra, um sinal velado de descontentamento para com a gestão da equipa profissional.
A assembleia geral decorreu na passada terça-feira no auditório da biblioteca municipal e contou com a presença de duas centenas de associados, que foram chamados a votar as contas do clube relativas à temporada desportiva de 2021/22. Uma época que refletiu um prejuízo de gestão no valor de 567,271 euros, englobando este montante quase na totalidade o défice operado pela SDUQ, sociedade que gere o futebol profissional. No entanto, este défice ainda não englobou os proveitos gerados pela venda do médio Stephen Eustáquio ao FC Porto, que apenas foi concretizada no início de julho e entrará na contabilidade da presente temporada. Dos quatro milhões que envolveu o negócio, o FC Paços de Ferreira ficou com uma fatia que ronda um milhão e seiscentos mil euros.
As contas foram a votação e aprovadas com um total de 689 votos a favor, 317 de abstenção e 98 contra. Recorde-se que, em função da sua antiguidade, os associados pacenses têm 7, 5 e 2 votos por cada sufrágio realizado na assembleia geral.
A reunião de associados abriu, depois, espaço para outros assuntos de interesse do clube e inevitavelmente veio à baila a má temporada que a equipa está a realizar na I Liga, onde ainda não venceu e ocupa o último lugar da prova. O presidente da direção pacense não escondeu a preocupação que o momento gera a todo o seu elenco. “Esta é uma época negativa e ponto! Admitimos que houve inexperiência da equipa técnica que iniciou a temporada na elaboração do plantel e agora há 6 ou 7 jogadores que têm que sair, porque embora tenham qualidade não se enquadraram no clube”. E Paulo Meneses acrescentou. “Até determinada altura disse que estava preocupado e agora estou quase a ficar desesperado! No entanto, acredito muito que, com a entrada de 4 ou 5 jogadores na equipa, vamos conseguir o objetivo de ficar na I Liga!”.
Tensão com antigo presidente
O momento mais acalorado da noite deu-se com a intervenção do antigo presidente, Carlos Barbosa. O antecessor de Paulo Meneses na liderança pacense acusou-o de “incompetência” por ter “entrado com a conta recheada no clube e, em poucos anos, estar a levar o clube à falência, pois há três anos que tem prejuízo” e por “só apostar em jogadores emprestados na equipa”. Uma intervenção que mereceu uma enérgica resposta de Paulo Meneses, que refutou por completo as acusações, enumerando quantos jogadores emprestados também teve o Paços na gestão de Carlos Barbosa e o plano de pagamento a prestações que teve de ser elaborado na altura com a Segurança Social de forma a poder inscrever a equipa na Liga, contrariando por completo o cenário de “muito dinheiro deixado nas contas do clube”. O diálogo acalorado foi travado pela intervenção de outro ex-presidente pacense. Fernando Sequeira pediu que os assuntos pessoais entre ambos não fossem trazidos à baila, num momento que gera “sérias preocupações com a sustentabilidade do Clube”, acrescentado ser muito importante que “o clube esteja unido na luta pelo objetivo de se manter na I Liga”.
A reunião terminou com a intervenção de outros associados a demonstrar natural preocupação pela gestão da equipa profissional e pelo futuro do clube, em função dos resultados desportivos desta temporada.