Tomado “pela emoção”, o poeta e música Arnaldo Antunes, homenageado na edição de 2024 do festival literário Escritaria, descerrou no Jardim do Sameiro, em Penafiel, uma obra de arte com uma frase da sua autoria e eternizou a sua imagem – através de uma silhueta – na cidade. “Emocionado e encantado” com o envolvimento da comunidade num festival que presta homenagem a escritores da lusofonia, Arnaldo Antunes manifestou a sua satisfação pelo facto de o Brasil estar presente no festival, países unidos pela língua, “o que permite compartilhar, ler outros autores portugueses, e ter um diálogo que a cultura proporciona”.
Para o homenageado, o facto de estar a ser reconhecido em Penafiel significa que “há um bom caminho” que está a ser feito ao nível da evolução das relações luso-brasileiras, mas reconheceu que há “caminhos de integração, através do uso da linguagem comum que temos”, que ainda podem ser percorridos”. “Sinto o vínculo do Brasil com Portugal, a língua proporciona-nos uma convivência muito mais íntima do que com países onde não se fala a língua portuguesa”, referiu.
Desafiado a dar um título à sua passagem pelo Escritaria, Arnaldo Antunes escolheu a frase que o vai eternizar na cidade – Não há sol a sós” – um refrão de uma música, que depois se tornou num poema de um livro e que para o músico e poeta traduz o princípio da integração. “Mas em primeiro lugar é gratidão, não há nada mais gratificante do que uma homenagem como esta. Mas também esta questão da integração, da comunidade com o Escritaria, uma coisa que a gente sente que tem uma convivência amorosa com esse evento que já existe há 17 anos e a integração de diferentes povos que falam português. E por isso, não há sol a sós”, frisou.
E, a sua arte, Arnaldo Antunes assegura que está a ser inspirada pelo Escritaria. “Tudo o que a gente vive intensamente nos inspira e se torna criação. E aqui eu tenho vivido coisas muito intensas”, concluiu, dando nota de que está a gravar um novo álbum, que será lançado no próximo ano.
A três dias do final do Escritaria, Antonino de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, assegurou que esta está a ser “uma grande edição, um sucesso imenso sobre o ponto de vista do envolvimento da comunidade, da participação, com o Ponto C cheio com pessoas vindas de todos os pontos do país para participar nos diversos momentos do festival”. Além disso, “sente-se que o homenageado está genuinamente feliz e esse é o nosso principal objetivo em cada edição, que a homenagem seja verdadeiramente vivida, sentida e valorizada pelo homenageado”, frisou.
Para o autarca, o facto de se tratar de um homenageado que, para além da literatura, tem a outra dimensão da música, “gerou um maior entusiasmo e um maior envolvimento da comunidade”. “E isso é muito positivo para o festival, porque ganha ainda mais notoriedade”.
Falando sobre a escolha de Arnaldo Antunes para ser homenageado, Antonino de Sousa confessou ser mais “admirador” do músico do que do escritor, mas reconheceu-lhe poemas “que a todos encantam”.