Depois da pandemia provocada pelo vírus SARS-COV 2, o mundo acordou com outra pandemia. Esta reside no mundo virtual, mas cujos efeitos a médio e longo prazo podem ser tremendamente mais devastadores do que a Covid-19.
Falo dos primeiros passos da Inteligência Artificial (IA), que ganharam contornos ensurdecedores com o advento do ChatGPT (sigla inglesa para chat generative pre-trained transformer), lançado em novembro de 2022.
De repente, soaram os alarmes pelo facto de este esta sistema de conversação inteligente passar a ser usado por alunos e vários profissionais para a resposta a múltiplas tarefas, que normalmente exigiam um esforço intelectual, o desenvolvimento de um raciocínio, a investigação e até a criatividade. Subitamente tudo ficou à distância de uma pergunta. Ou de outra ainda mais refinada. Ou de outra ainda mais sofisticada.
Por isso, investigadores e líderes de empresas começaram a alterar para o risco de extinção da raça humana por via da IA, para cuja mitigação de deveria dar uma prioridade global tão grande ou ainda maior do que para outros riscos sociais, como as pandemias e guerra nuclear.
O que deverá passar poe uma urgente regulação, no modo de criar sistemas de acesso à IA e ao seu uso, de modo a que, em vez de ser o sangue e o cérebro que nos dão a vida, passem a ser os algoritmos.
Com efeito, sendo os sistemas de IA feitos por humanos, os mesmos são suscetíveis de padecer dos problemas da própria condição humana: tentação de manipulação das nossas decisões pessoais, das nossas opções políticas, económicas, comerciais, mas também pela disseminação de informações ou notícias falsas, pela promoção do racismo, desigualdade de género, ideias contrárias à ecologia ou sustentabilidade ambiental, etc.
Não podemos esquecer que a IA traz igualmente benefícios, mormente nas áreas da educação, na redução de tarefas rotineiras e desnecessárias, na eficiência em muitas áreas da vida humana. E que igualmente estão a entusiasmar uma boa parte da Humanidade.
Por isso, no momento em que existe uma total falta de regulação da IA ao nível global, e que a mesma avança nas nossas vidas a uma velocidade vertiginosa, é a hora de os políticos acordarem para a necessidade da sua regulação urgente. De modo a torná-la justa, ética, transparente, responsável e ao efetivo serviço da Humanidade, evitando que o seu uso descontrolado se torne num desastre.
E, claro, a definir urgentes políticas ativas dirigidas à educação das gerações mais novas quanto ao uso racional da IA. Antes que os algoritmos nos corram nas veias.