Estive uma temporada sem ir a Amarante…
Convidei um casal amigo a irmos lá… tomar um café. Tomamos o café mas não ficamos mais que isso. Rumamos a outro destino.
Estacionei, como sempre, junto das piscinas municipais… a distância a percorrer até ao centro cidade permite-me ir enchendo pulmões e alma… Desolador. A bela marginal, junto do Parque do Ribeirinho, daquele grande lago não passa, agora, de uma paisagem “depenada” tendo escapado uns quantos paus ao alto… Nem consigo imaginar onde secam as penas os magníficos corvos-marinhos que por ali passam uma temporada. Subimos as escadas que desembocam frente ao Cine-teatro, ainda em obras… um ar de estaleiro desarrumado agrava o abate insensível das árvores, antigas, que ali havia, que enquadravam o edifício tornando-lhe a volumetria mais aceitável… Sempre árvores a tombar. Antigamente as árvores morriam de pé… agora morrem quando um autarca, com a sensibilidade pessoal, manda (ou ordena).
Caminhamos em direção à ponte antiga… Olhamos para a Alameda Teixeira da Pascoaes… por lá nada piorou… nem melhorou… carros e mais carros estacionados por todo o lado.
Subimos, em direção a Santa Luzia. Paramos para o tal café numas das mais soberbas esplanadas que conheço. Lá estava o lago, ali, formado pelo rio. Fantástico! Claro, do outro lado, a tal marginal depenada. Vista daqui ainda é mais deplorável o estado em que ficou.
Abeiramo-nos da balaustrada e espreitamos a margem do lado de cá. A margem direita… Com espanto, mais um estaleiro… É o que se vê. E não é que, num dos lugares mais privilegiados, vai nascer um parque, um enorme parque de estacionamento? Viva o luxo. Carros e mais carros a desfrutar de uma das mais belas paisagens que há para contemplar. Se dá para entender? Eu não entendo… Venha daí uma explicação satisfatória! E Amarante perde toda a sua beleza rural… e o que é que se ganha com essa perda? Estacionamentos e mais estacionamentos e, cada um, mais fantástico que os outros.
Deixamos a “mediterrânica” esplanada e encaminhamo-nos para o carro. Era tempo de rumar a outro destino.
Pelo caminho entramos, ainda, na igreja de São Gonçalo. Agora pela porta principal (a lateral, desde sempre a principal, está agora fechada). Logo na entrada não percebemos o que era “aquilo” preto com umas barras cor de cobre… Uma porta protetora da porta original? Talvez! Um passo em frente tentando apagar do visto o que acabamos de ver. Imponente, grandiosa… é assim a igreja de São Gonçalo. “Acabadinha” de restaurar. Um assombro. Fomos andando… pelo menos até esbarrarmos com uns “calhaus”… Também não estávamos a perceber o que era aquilo ali no meio da igreja. Claro que sabíamos que era o “mobiliário” destinado ao culto. Diz-se que “gostos não se discutem…” mas é possível, dentro de um monumento nacional, colocar umas coisas daquelas? E ali estão… três (não sei como chamar-lhes) estacionados no coração do espaço… bem em destaque num envolvimento sublime, que dificilmente se encontra por aí… Enfim: é a vida!
Saímos e fomos para o nosso transporte.
Em Amarante é um privilégio ter carro… é ao estacionar que podemos ver o que há de mais belo para ser visto. Junto das piscinas observa-se o espelho de água e a “florestal”. Em torno do mercado o espelho-de-água se observa. Mas mudando de perspetiva… Na alameda estacionamos e ficamos a olhar para o magnifico edifício que alberga o Museu Amadeu Souza-Cardoso… e alguns dos serviços municipais. Podemos também ir estacionar nos “moinhos” ou no “Rossio” e continuamos a deliciarmo-nos, através do para-brisas, com a paisagem do lago, com queda d’água, e floresta… (que o Parque Florestal nos oferece do outro lado… sabe-se lá por quanto tempo ainda).
Rumamos a Ucanha na esperança de alegrar olhos, estômago e alma…
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