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Há dias, cruzei-me com uma entrevista de Nicholas Carr, um dos autores mais críticos sobre o efeito da Internet na nossa mente, que afirmava ao El País que, quando nos ligamos à rede “trocamos profundidade por amplitude, contemplação por estímulo”, criando desequilíbrios e vieses nas informações que processamos, com repercussões individuais e coletivas significativas.

Ao mesmo tempo, começam a ouvir-se, cada vez mais, as vozes dos chamados renegados de Silicon Valley, como Jaron Larnier – que foi guru da realidade virtual e assessor da Google e Microsoft -, a afirmar que o Facebook foi pensado “para promover o seu conteúdo, conduzir os utilizadores à sua informação e garantir que eles passem o máximo de tempo possível na plataforma. Esse é o seu modelo de negócios: vender a atenção dos utilizadores e os seus dados para empresas de publicidade e de propaganda. O Facebook é uma máquina de manipulação. E o Twitter, WhatsApp, Instagram ou YouTube funcionam com o mesmo princípio.”

Ou do jovem filósofo Tristan Harris, que assevera que “Eles sequestraram as nossas mentes. As nossas decisões não são livres, são marcadas pelos seus interesses, que não são os nossos. Eles impõem a forma como interagimos, condicionam a nossa capacidade de conversar e colocam em risco a democracia… Quem? Os engenheiros do Google, Facebook e Apple”.

Ou seja, cada vez mais as redes sociais privilegiam a quantidade e velocidade de “transmissão” em detrimento da qualidade, aproveitando os princípios da eficiência do cérebro. O modo como navegamos na web incentiva o pensamento superficial e não estimula o pensamento conceitual. Promove a emoção instantânea sobre a razão, o pensamento do grupo sobre a reflexão pessoal.

Porém, não é disso que o nosso cérebro necessita para transformar em conhecimento, estimulando o pensamento crítico e profundo. O receio de muitos é que a humanidade esteja crescentemente ao serviço dos gigantes da tecnologia, em vez de termos a tecnologia ao serviço da humanidade. O que alimenta notícias faltas, desinformação barata, manipulação subtil e falta de privacidade.

E disto urge tomar urgente consciência: os mais jovens, mais vulneráveis, porque ainda não terminaram de desenvolver seu pensamento crítico e as ferramentas lógicas para discernir; e os adultos, para que usem as tecnologias ao serviço da construção do conhecimento e reduzam o risco de manipulação.

Antes que seja tarde de mais!

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