Abílio Pacheco integra as fileiras da Banda Musical de Freamunde há mais de meio século. Desde ensaios, atuações e convívios, já conheceu centenas de elementos da bicentenária banda, criando amizades e memórias “para toda a vida” e assistindo a mais de um quarto da história da associação.
O fliscorne é o instrumento que acompanha o músico na sua jornada na Banda, que já o levou um pouco por todo o país e até além fronteiras em atuações. O instrumento de sopro da família dos trompetes não foi propriamente a sua escolha no momento em que entrou no grupo, mas, com mais de 50 anos de convivência, tornaram-se inseparáveis.
“Na verdade, são 51 anos na Banda Musical de Freamunde”, começa por corrigir Abílio Pacheco, à conversa com o IMEDIATO. “Celebrei os meus 50 anos como músico no ano passado, mas vai ser agora assinalado devido à pandemia”, explica o freamundense de 63 anos, que ainda se recorda do dia em que tudo começou.
O ingresso na Banda foi oficializado a 8 de dezembro de 1970 e é seguro dizer-se que já estava premeditado antes sequer da sua nascença. O seu pai era aficionado por música, muito em concreto pela Banda Musical de Freamunde, que fazia questão de acompanhar sempre que possível, pelo que decidiu que todos os seus filhos a iriam integrar.
Com apenas doze anos, o jovem Abílio foi recebido de braços abertos na banda, aprendeu e dominou o fliscorne, e hoje é o músico no ativo com mais anos de “casa”. Contudo, não deixa de frisar que na história da banda “as bodas de ouro” já foram celebradas por outros músicos, entretanto membros da direção ou desvinculados.
Pertencer à banda significa para o freamundense conciliar o emprego como metalúgico, a vida privada e os ensaios semanais e atuações, que muitas vezes implicam deslocações. “Dá muito esforço e trabalho, porque enquanto um profissional está disponível durante todo o dia, enquanto amadores temos de fazer um esforço adicional”, sublinha.
“Nunca pensei em chegar a tantos anos de música. O que me faz continuar é o gosto pela música e pela Associação Musical de Freamunde. É muito diferente um músico tocar na banda da sua terra ou não (…) há um certo bairrismo e uma ligação diferente, ainda que as coisas hoje sejam muito diferentes de há cinquenta anos”, considerou.
Abílio Pacheco compara a Banda de Freamunde a uma equipa desportiva – é preciso “vencer” e continuar a elevar o emblema época após época, superando as adversidades pelo caminho. Em 50 anos de percurso, no passado ficam boas memórias, muitas amizades e esforço. No presente, está o amor pela música, pela Banda, e a mesma dedicação. E quanto ao futuro? Uma página em branco, ainda por preencher.