A revolução de abril foi amplamente noticiada nos parcos meios de comunicação social existentes na altura, nacionais e locais. No dia da revolta, televisões e rádios foram temporariamente silenciados, mas ainda durante o dia 25, foram retomadas as emissões e o golpe militar conduzido pelo Movimento das Forças Armadas que pôs termo ao regime autoritário do Estado Novo, abrindo caminho para a resolução do problema da guerra colonial e para a democratização e o desenvolvimento do país, foi transmitido em todo o país.
Localmente, a revolução foi também tema de capa dos jornais locais existentes na altura. Embora sem fotografias, as publicações manifestaram o seu agrado pela queda da ditadura e pelo nascimento de um regime democrático que, entre outros coisas, trouxe a liberdade de expressão aos jornais da época.
A primeira edição da Gazeta de Paços de Ferreira, publicada a 9 de maio de 1974, falava do dia 25 de abril como a “Abrilada que deitou flor”, assim como das horas “suspensas e excitantes” que o país vivia, da expetativa, emoção e acalmia.
“Augura-se para Portugal uma era de rejuvenescimento, que bem compreendida, e acertada pela boa aceitação de todos, pro certo reverterá em sã justiça, anseio de prosperidade e de ordem”, lia-se na publicação. Na mesma edição também o 1.º de maio foi referido, a “festa do proletariado”, uma “prova evidente de que estalaram receios de reivindicações, e que afinal, a liberdade gozada não colidiu com quem quer que fosse. “Os Portugueses, para terem liberdade, é preciso merecê-la. E deste modo cada indivíduo tem de provar por si, pela sua conduta, que é digno dessa atmosfera de confiança que se oferece sem rebuço, praticando hábitos de tolerância e de respeito pelo seu irmão tao próximo, pelo seu semelhante”, lê-se na Gazeta, que se manifestou “de braços abertos para um amplexo de afetuosa fraternidade de liberalização política”.
A edição de 14 de maio de 1974 do jornal Penafidelense falava de “Novos Rumos” originados pela “boa nova do movimento glorioso levado a cabo pelas Forças Armadas” e manifesta o seu “regozijo” por já lhe ser “possível exprimir o que sentimos e desejamos”.
“Nesta posição, conseguirá levar avante a sua missão a de defender os interesses desta nossa tão linda e estimada terra e os do nosso tão bom e, muitas vezes, sacrificado povo”. “Se as Forças Armadas nos deram a liberdades, está nas nossas mãos continuar a gozá-la”.