“Reparação faz-se pela dignificação dos herdeiros dos processos coloniais, que vivem hoje, nomeadamente em Portugal e que devem ter um tratamento justo, um tratamento equitativo. Acho que essa é a grande exigência que se deve fazer.”
É a opinião da respeitada angolana e ex-ministra da Justiça, Francisca Van Dunem. A prestigiada estadista faz uma afirmação contundente a esse propósito, que vale a pena escutar.
“Diria que persiste em termos culturais na sociedade portuguesa um enorme preconceito, que atinge as populações africanas e afrodescendentes desvalorizando-as [É uma realidade que tem] 40 anos em Portugal e a verdade é que se olharmos e se virmos, se pensarmos por exemplo em empresas importantes, se pensarmos na instituição pública portuguesa, nos dirigentes, não encontramos ninguém”.
O desafio lançado pelo nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa poderá fazer todo o sentido. 50 anos após a revolução dos Cravos. Concordando com o pensamento da estadista angolana.
Significa isto que essa deve ser a forma de fazer a tão discutida reparação com povos que colonizamos. E com quem travamos sangrenta guerra. Que a derrubada ditadura nos obrigou a viver. Povos a quem demos a independência após a reimplantação da democracia.
Neste pensamento, todos somos chamados a contribuir para essa reparação da história. Acolhendo bem todos os povos das ex-colónias que vivem ou que pretendam viver entre nós. Tratando-os com respeito e com as mesmas oportunidades. Como irmãos, afinal.