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(Pixabay)

A guitarra portuguesa é um instrumento musical icónico na cultura portuguesa. Mas a diversidade de guitarras no panorama musical português vai muito além deste ícone. Neste artigo, exploraremos a diversidade das guitarras utilizadas na nossa música, da guitarra elétrica até à guitarra clássica. Também iremos discutir a importância da guitarra portuguesa na qualidade de símbolo cultural.

A Guitarra Portuguesa: Um Símbolo Cultural

A guitarra portuguesa é um instrumento com uma história rica em Portugal. A sua origem remonta à Idade Média, mas foi nos bairros da Lisboa renascentista que iria ascender ao seu estatuto icónico, tornando-se num dos instrumentos mais utilizados na música tradicional portuguesa. Diversos documentos indicam que a guitarra portuguesa seja uma descendente da cítara, um instrumento de cordas da família das liras. Por isso, existe quem defenda a renomeação deste instrumento como cítara portuguesa, e não guitarra, uma vez que a guitarra pertence à família dos alaúdes. A guitarra portuguesa iria evoluir no que diz respeito à sua morfologia, dando origem a diversas variações, sendo exemplo as guitarras de Lisboa, Coimbra e Porto.

A guitarra portuguesa é frequentemente utilizada no Fado, um dos estilos musicais mais populares em Portugal, que expressa a emoção e “modo de ser” do povo português. O Fado foi declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2011.

A guitarra portuguesa é um símbolo da cultura portuguesa e também é utilizada com alguma frequência em outros géneros musicais, como a música clássica e popular.

A Guitarra Elétrica: um Abanão na Música Feita em Portugal

A guitarra elétrica entra no panorama da música portuguesa em meados da década de 60, por influência de bandas britânicas e americanas. Entre 1960 e a Revolução de 1974, iria impulsionar o rock em Portugal, crescendo no seio de bandas como os Diamantes Negros de Sintra, Sheiks e Quarteto 1111. No entanto, o sucesso massivo do rock e da guitarra elétrica estava reservado para as décadas seguintes.

Logo após a Revolução dos Cravos, grupos como Arte e Ofício e José Cid inspiraram bandas efémeras, mas que deixaram um legado na história da música portuguesa, tais como Trabalhadores do Comércio, Táxi, Roquivários, Grupo de Baile, António Variações, Salada de Frutas, Heróis do Mar e Sétima Legião e mais tarde através de bandas como os Xutos e Pontapés. A versatilidade da guitarra eléctrica fez com que esta fosse rapidamente adoptada pela mais diversa música produzida em Portugal, ao acompanhar as vozes de artistas consagrados como Pedro Abrunhosa ou Rui Reininho.

A Guitarra Clássica: O Som da Tradição

A guitarra clássica é utilizada em estilos musicais mais tradicionais, como o Fado. Amália Rodrigues, aclamada como uma das maiores fadistas de sempre em Portugal, era frequentemente acompanhada por uma guitarra clássica. A guitarra clássica também é utilizada na música erudita, tendo sido adaptada por diversos compositores portugueses, como Fernando Lopes-Graça e Luís de Freitas Branco.

A guitarra clássica é um instrumento acústico que tem uma sonoridade mais suave e delicada em comparação com a guitarra elétrica. Esta é tocada com os dedos, utilizando técnicas como o dedilhado e a técnica de “pizzicato“.

As Guitarras Acústicas: A Harmonia da Intervenção

As guitarras acústicas também são muito populares em Portugal, A partir da década de 1950, tornou-se um instrumento importante na música popular portuguesa, em especial através de artistas como José Afonso, que com ela escreveu algumas das músicas de intervenção mais famosas em Portugal. Mas as harmonias da guitarra acústica agradam a artistas de um vasto espectro musical, sendo atualmente um dos instrumentos musicais de eleição por entre os artistas em Portugal.

A Influência das Bandas Americanas na Música em Portugal

Várias influências musicais americanas tiveram um grande impacto na música portuguesa nas décadas de 50 e 60, trazendo consigo à boleia a guitarra eléctrica, e as novas sonoridades que esta agora abria. Bandas como os Beatles, Rolling Stones, ou Beach Boys, inspiraram muitos músicos portugueses a incorporar novos sons e instrumentos musicais na sua música. O rock and roll, o blues e o jazz também tiveram grande influência na música portuguesa e na carreira de grandes talentos da nossa música, como Rui Veloso, que em 1980 lançava o “Ar de Rock”, um álbum que capturou a essência desses estilos musicais, agora cantados em Português, onde guitarras eléctricas e acústicas em sintonia, ganharam um novo destaque.

A Influência das Guitarras Elétricas no Fado

Embora a guitarra portuguesa continue a ser o instrumento musical mais associado ao Fado, a verdade é que a guitarra elétrica também tem vindo a dar o seu contributo a este género musical, ainda que de forma mais modesta. Vários artistas portugueses experimentaram a fusão entre Fado e Rock.  O ano de 2005 foi curiosamente prolífico na expansão do “Fado Rock”, com a fadista Mariza a incorporar a sonoridade da guitarra elétrica no seu álbum “Transparente”, ao mesmo tempo que o artista Pedro Alves Duarte criava o guitolão elétrico, uma versão eletrificada da guitarra portuguesa, com muito “ar de rock”. A guitarra elétrica continua a ser utilizada de forma criativa e inovadora na música portuguesa, acrescentando novas dimensões aos diversos estilos musicais que caracterizam a nossa cultura.

Cada Guitarra Desempenha um Papel Fundamental na Música Portuguesa

A diversidade de guitarras no panorama musical português é prova da riqueza cultural do nosso país. Desde a guitarra portuguesa até a elétrica e à clássica, cada guitarra tem um papel importante na música portuguesa. A guitarra portuguesa é um símbolo da cultura portuguesa e é presença assídua no Fado e outras formas de música popular. Já a guitarra elétrica e a clássica são usadas em diferentes estilos musicais, que vão desde o rock à música erudita. Em suma, as guitarras são um componente fundamental da música portuguesa e da identidade cultural de Portugal.

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