O movimento “Mataram o Rio Ferreira” denunciou na segunda-feira uma camada de espuma branca no caudal do rio. Contudo, como contou ao IMEDIATO uma das responsáveis pelo grupo, Ana Bessa, as descargas que causam a espuma já começaram há pelo menos duas semanas.
“Tinha tudo para morar no paraíso, mesmo em frente ao rio, não circulam carros na minha rua e até tenho uma ponte românica ao lado, mas há um ano tenho vivido um autêntico inferno”, contou a ativista de Lordelo, Paredes.
Segundo Ana Bessa, há cerca de um ano o problema eram “dejetos sólidos a boiar no rio”, que causavam um “cheiro insuportável”, e lhe chegaram a fazer perder os sentidos enquanto filmava o cenário de poluição.
Contudo, essa fase foi ultrapassada e, quando tudo parecia estar a melhorar, começou a aparecer uma espuma branca em grandes quantidades. “Parece que abro a janela de manhã, estamos no inverno e está a nevar”, descreveu a ativista.
Preocupada com a possível toxicidade da espuma, a lordelense contactou a Câmara Municipal de Paços de Ferreira, que lhe garantiu que o problema não vem da ETAR de Arreigada. Segundo a mesma, a autarquia pacense suspeita que empresas estejam a fazer descargas ilegais no rio.
De acordo com Ana Bessa, além da população de Arreigada e de Lordelo, em Sobrado e Gondomar também são feitas queixas do “mau cheiro” proveniente do rio.
“É bastante frustrante, no Verão nem conseguimos sair de casa com o mau cheiro. A minha cadela adoeceu gravemente porque comeu ervas próximas da água. A sorte é que o povo de Lordelo é bastante pacífico, mas não vamos deixar o assunto cair no esquecimento”, contou a ativista.
ETAR de Arreigada pendente da pandemia
Questionado no Parlamento pelo deputado António Cunha, do PSD, sobre a situação da ETAR de Arreigada, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, respondeu que as membranas de ultrafiltração usadas no tratamento da água têm de ser instaladas por uma empresa da Áustria.
“Neste momento, o confinamento impede os técnicos de virem a Portugal fazer esse trabalho”, justificou o ministro.
João Matos Fernandes referiu também que não adianta “mais data alguma” para a entrada em funcionamento da ETAR. Recorde-se que em janeiro o ministro disse que a obra estaria “pronta e ligada” em duas a três semanas, e um mês depois que “só tinha pendente uma inspeção”.
O deputado do PSD considerou na sessão parlamentar que o problema se está a arrastar “há demasiado tempo” e quem sofre é a população, bem como a fauna e a flora.