Desta vez, demorei muito mais que o habitual a ler um livro… Porque, para além de já saber parte do que aconteceu à personagem que é autora do texto, a leitura foi um choque, profundamente maior que aquilo que eu esperava…
Sobre Alexei Navalny, opositor de Putim, eu li há meses “uma análise brilhante e de fácil leitura da mais cativante figura política a emergir na Rússia em muitos anos…”. Nesse livro que considerei um serviço enorme ao mundo, num tempo em que o autoritarismo avança, fui surpreendida com um retrato completo de Navalny, como activista anticorrupção, como político, como figura de relevância global. Sem rodeios, sem hipérboles, ficou mais fácil perceber a figura do grande opositor de Putim. No tempo em que li esse livro, em Março deste ano, registei testemunhos que quero guardar. Dizia assim Navalny:”Temos de lutar não só contra a falta de liberdade na Rússia, mas também contra a falta de felicidade… Temos tudo, mas somos um país infeliz. Quando se lê a Literatura Russa… só se encontra infelicidade e sofrimento…”
E, curiosa, cheguei ao livro que é título deste texto e que ficará comigo para sempre: “Patriota”, as memórias de Navalny escritas por ele próprio, é um testemunho gigante da coragem, da paixão e sagacidade do seu autor, um apelo extremamente comovente para que se prossiga com a sua luta… Interpretei este texto como uma carta, a última, que Navalny deixou ao mundo… Um documento inesquecível que deveria servir de exemplo a muitos de nós!
Não consegui ler de um fôlego, como faço tantas vezes. Fiz paragens, muitas pausas para absorver todo o texto e para admirar profundamente o homem que perdeu a vida em luta pela liberdade!Exemplos assim, fazem-nos falta… Porque, como ainda leio na contracapa, Navalny diz “É claro que, no meu aniversário, gostaria de não ter de acordar neste inferno…” e, em paralelo, as palavras fortes que o definem: Líder, Lutador, Marido, Prisioneiro, Patriota…
Fiquei alertada para uma leitura longa com a primeira frase: “Morrer realmente não doeu”. É forte, um começo assim… e das vezes, muitas, em que fiz pausas para reflectir e admirar, para aliviar da dureza das palavras, das descrições, eu assinalei muitas frases, sublinhei uma grande parte do texto que quero guardar:”Sei desde o início que iria ficar preso para o resto da vida…” ou “E chegará o dia em que dizer a verdade e advogar a justiça serão normais e não coisas perigosas na Rússia”.
A luta de Navalny não acabou, esse foi o testemunho que nos deixou e que nós, muitos de nós, deveríamos seguir. Nunca foi fácil lutar por um qualquer ideal quando, diante de nós, há uma força aparentemente maior para nos travar…Sempre foi assim!
A leitura é sempre um bom meio para adquirir grandes lições. A leitura das memórias de Navalny, escritas por ele próprio na prisão, são um exemplo maior de força, coragem, de luta por um ideal.
Foi muito dura a leitura desta vez!Desta vez, aprendi melhor que o opositor de Putim, que é autor do livro, travou uma luta dura e legítima contra um Governo que é ilegítimo. E nós temos de aprender, sempre, com quem pode servir de exemplo, porque isso é melhor paras nós”