Não adianta nada o que possa dizer sobre as recentes eleições na América, mas poderei acrescentar algo do que senti e sinto para o que pode vir a acontecer…
Sabemos todos que os Estados Unidos sempre se projectaram no mundo como um farol da democracia e dos valores liberais que todos devíamos defender…
Hoje, com estes resultados eleitorais, essa ideia de paz e igualdade parece-me estar diferente. Hoje, a América que elegeu Trump está mais difícil porque tem uma espécie de criminoso condenado, pronto para dirigir o país… Porque tem um homem duro, sempre zangado, cheio de vontade de perseguir todos os seus adversários, todos os que não estão com ele…
Da clara vitória de Trump nas recentes eleições, será fácil tirar algumas conclusões. Dessas possíveis conclusões, talvez a primeira, diga respeito à questão da imigração e à promessa de expulsão de quem poderia trabalhar. Outra conclusão fácil de ver, muito fácil mesmo, mostra-nos que, para Trump a questão dos direitos humanos conta muito pouco. Com outra conclusão ainda, será fácil ver que, com leis ou sem elas, serão os mais fracos os que mais poderão padecer…
Os votantes de Trump, ao fazê-lo, assumiram uma grande responsabilidade pelas consequências que daí poderão chegar mas… está feito! Trump ganhou e garante que não haverá tão cedo outras escolhas eleitorais. Entretanto, a democracia perdeu, a liberdade de cada um perdeu também. Resta-nos a convicção de que, por vezes, a luta demora o seu tempo e daí desejar que a ex-candidata Kamala Harris possa continuar a sorrir perante o que foi ou o que já está a acontecer…
Hoje, talvez a América passe a viver melhor com a mentira, já que fica representada por um discurso mais violento, mais agressivo, nitidamente. Hoje, pareceu-me, essa terra imensa que sempre foi de imigrantes e de diversidade, é um país dividido, cada vez mais dividido, que é racista e que vive bem com a desigualdade social. Talvez isso tudo sempre lá tenha estado mas, ficou pior. A América sempre foi violenta, racista, desigual… agora ficou pior, capaz de se preparar para actuar sem limites.
Quem se preocupa com a saúde para todos, com a defesa dos direitos humanos, não quereria Trump no poder. Foi inevitável, os sinais de alarme começarão a disparar e se a democracia se mostra como um projecto falhado na América, ainda acredito que, no mundo, há-de sobreviver!
Reconheço que, a Kamala, faltaram os votos de todas as causas que, claramente, não abraçou. Disse sentir o dever de estar ao lado da luta dos jovens e dos professores por uma Escola livre de violência armada e proclamou que também ela tinha uma arma… Não se mostrou muito preocupada com a saúde mental dos americanos e esse era/é um tema fundamental. Não soube ou não quis pacificar a América e, assim, mesmo que o seu discurso tenha parecido poético algumas vezes., Harris sorriu sempre, apesar do clima zangado e intempestivo do seu adversário!
Afinal, conclui-se agora, Harris não foi capaz de se distinguir claramente do seu rival, não se revelou capaz de mostrar ser uma figura diferente, apaixonada pela defesa dos direitos humanos, da justiça para todos. Não se mostrou totalmente capaz, faltou-lhe a força indispensável para combater o discurso feroz do seu rival… Com ela na Casa Branca, talvez fosse mais fácil estarmos todos mais unidos, mais preparados, mais animados e mais capazes de enfrentar o que aí vem. Faltaram a Kamala os votos de quase todas as causas que não abraçou… Acredito e ainda desejo que o mundo sobreviva a Trump!